Povos indígenas ocupam as ruas de Brasília em defesa da Constituição
O Acampamento Terra Livre é organizado pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), entidade que este ano faz 20 anos.

Iram Alfaia, do BNC Amazonas em Brasília
Publicado em: 07/04/2025 às 18:07 | Atualizado em: 07/04/2025 às 18:07
Com o lema “Apib Somos Todos Nós: Nosso Futuro Não Está à Venda!”, milhares de indígenas marcham nesta terça-feira (11) pelas ruas de Brasília. A mobilização integra a programação da 21ª edição do Acampamento Terra Livre (ATL), o maior encontro de povos indígenas do Brasil.
Neste ano, o ATL ganha ainda mais força. A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), responsável pela organização do evento, completa duas décadas de atuação. A entidade reúne sete organizações regionais: Apoinme, ArpinSudeste, ArpinSul, Aty Guasu, Conselho Terena, Coaib e Comissão Guarani Yvyrupa. Juntas, elas fortalecem a luta por direitos e garantias constitucionais.
De acordo com a Apib, mais de 6 mil indígenas já ocupam a capital federal. A presença maciça reforça a urgência das pautas levadas ao centro do poder político brasileiro.
“Nós, povos indígenas, seguimos em luta para que a Constituição seja respeitada. Isso passa pela garantia e implementação de nossos direitos, pelo respeito às instituições e pela escuta ao movimento indígena. Só assim poderemos fortalecer, de fato, a democracia brasileira”, afirma Dinamam Tuxá, coordenador executivo da Apib.
Ao longo do dia, a plenária principal do ATL discute temas centrais para os povos originários. Entre eles estão os conflitos em territórios indígenas, a proposta de criação da Comissão Nacional da Verdade Indígena (CNVI), o funcionamento da Câmara de Conciliação do STF, a transição energética justa e a resistência LGBTQIA+ nos contextos indígenas.
Além disso, o Congresso Nacional se torna palco de uma homenagem simbólica. Mais de 500 lideranças indígenas participam de uma sessão solene na Câmara dos Deputados. A cerimônia, proposta pela deputada federal Célia Xakriabá, da Bancada do Cocar, celebra os 20 anos da Apib e reconhece sua trajetória de resistência.
Debate
Na parte da tarde, o debate se intensifica. Lideranças discutem a proposta da CNVI com mais profundidade e analisam os crescentes conflitos nos territórios. Em paralelo, o ATL promove um ato contra a violência sofrida pelos povos indígenas, realizado na tenda principal do acampamento.
Por fim, a mobilização deste ano se estrutura em cinco eixos políticos: “Apib Somos Todos Nós”, “Resistência e Conquista”, “Desconstitucionalização de Direitos” e “Fortalecendo a Democracia”. Assim, os povos indígenas reafirmam, com firmeza, que seus direitos não estão à venda e que a Constituição precisa ser respeitada — por todos, em todas as instâncias.
Com informações da Ascom/Apib
Foto: Sheyden/Apib