Justiça dá direito de resposta à Samel também na Folha de S.Paulo e UOL

Justiça entendeu que jornal e portal extrapolaram o direito à liberdade de informar

Mariane Veiga, da Redação do BNC Amazonas

Publicado em: 02/12/2021 às 11:46 | Atualizado em: 02/12/2021 às 11:47

O jornal Folha de S.Paulo e o portal de notícias UOL foram condenados nesta quarta-feira (1º) pela Justiça do Amazonas a publicar direito de resposta em favor do grupo empresarial Samel.

Conforme a decisão, as empresas têm até 48 horas para cumprir a ordem, sob pena de multa diária. O motivo é a publicação de cinco reportagens que foram consideradas tendenciosas a respeito do estudo clínico do medicamento proxalutamida em pacientes com covid (coronavírus).

Dessa forma, o juiz Manuel Amaro de Lima, da 3ª Vara Cível e de Acidentes de Trabalho de Manaus, entendeu que as matérias extrapolaram o direito à liberdade de informar. Além disso, julgou que essas “práticas abusivas” precisam ser coibidas para que a população tenha o direito de ser bem informada por esses veículos da imprensa.

As matérias da Folha e UOL, conforme o magistrado, estão “impregnadas de juízo de valor sobre o tema tratado” e “eivadas de inverdades e narrativas tendenciosas”.

“O direito à liberdade de informar, assim, não deve ser tolhido, mas exercido com responsabilidade”, diz um trecho da sentença.

Os ataques de parte da imprensa ao estudo com a proxalutamida se iniciaram, sobretudo, após o presidente da República, Jair Bolsonaro, se referir ao medicamento contra a covid. Foi em julho deste ano.

A partir daí, portanto, veículos de oposição ao governo passaram a utilizar termos como “nova cloroquina” para ironizar o assunto e manipular a opinião pública.

Como resultado, o presidente do grupo Samel, Luís Alberto ‘Beto’ Nicolau, repudiou as sucessivas tentativas de politização do estudo clínico.

“Nós, da Samel, apoiamos a imprensa responsável e a liberdade de expressão. Porém, a ciência não pode sofrer influência de disputas ideológicas”.

Beto Nicolau afirmou ainda que todos os dados do estudo estavam abertos e à disposição da sociedade e da comunidade científica.

“Faremos qualquer debate que coloque a nossa missão de salvar vidas sempre em primeiro lugar.”

Leia mais

O Globo é condenado na Justiça pela terceira vez em briga com Samel

Estudos com a proxalutamida

Em fevereiro deste ano, no pico da segunda onda da covid-19 no Amazonas, a Samel foi convidada pelos cientistas responsáveis a participar de pesquisa na condição de campo de estudo.

Altamente positivos, os resultados foram amplamente divulgados na mídia e nas redes sociais, além de constarem na plataforma Clinical Trials.

Os dados finais mostram a redução de 77,7% na mortalidade do grupo de pacientes que adicionou a proxalutamida ao tratamento médico. O estudo foi randomizado duplo-cego e controlado por placebo.

A proxalutamida é um fármaco anti-androgênico, em testes dentro e fora do país para o tratamento da covid-19.

Nos Estados Unidos, uma pesquisa aprovada pela FDA (Food and Drug Administration) para comprovar a eficácia de droga está atualmente em fase 3, a última antes da obtenção de registro sanitário.

No Brasil, mais de 20 estudos com a proxalutamida estão em andamento, autorizados tanto pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) quanto pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), que deu parecer favorável à pesquisa da qual a Samel participou.

*Com informações da direção da Samel

Foto: Reprodução