O jornal Folha de S.Paulo e o portal de notícias UOL foram condenados nesta quarta-feira (1º) pela Justiça do Amazonas a publicar direito de resposta em favor do grupo empresarial Samel.
Conforme a decisão, as empresas têm até 48 horas para cumprir a ordem, sob pena de multa diária. O motivo é a publicação de cinco reportagens que foram consideradas tendenciosas a respeito do estudo clínico do medicamento proxalutamida em pacientes com covid (coronavírus).
Dessa forma, o juiz Manuel Amaro de Lima, da 3ª Vara Cível e de Acidentes de Trabalho de Manaus, entendeu que as matérias extrapolaram o direito à liberdade de informar. Além disso, julgou que essas “práticas abusivas” precisam ser coibidas para que a população tenha o direito de ser bem informada por esses veículos da imprensa.
As matérias da Folha e UOL, conforme o magistrado, estão “impregnadas de juízo de valor sobre o tema tratado” e “eivadas de inverdades e narrativas tendenciosas”.
“O direito à liberdade de informar, assim, não deve ser tolhido, mas exercido com responsabilidade”, diz um trecho da sentença.
Os ataques de parte da imprensa ao estudo com a proxalutamida se iniciaram, sobretudo, após o presidente da República, Jair Bolsonaro, se referir ao medicamento contra a covid. Foi em julho deste ano.
A partir daí, portanto, veículos de oposição ao governo passaram a utilizar termos como “nova cloroquina” para ironizar o assunto e manipular a opinião pública.
Como resultado, o presidente do grupo Samel, Luís Alberto ‘Beto’ Nicolau, repudiou as sucessivas tentativas de politização do estudo clínico.
“Nós, da Samel, apoiamos a imprensa responsável e a liberdade de expressão. Porém, a ciência não pode sofrer influência de disputas ideológicas”.
Beto Nicolau afirmou ainda que todos os dados do estudo estavam abertos e à disposição da sociedade e da comunidade científica.
“Faremos qualquer debate que coloque a nossa missão de salvar vidas sempre em primeiro lugar.”
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Estudos com a proxalutamida
Em fevereiro deste ano, no pico da segunda onda da covid-19 no Amazonas, a Samel foi convidada pelos cientistas responsáveis a participar de pesquisa na condição de campo de estudo.
Altamente positivos, os resultados foram amplamente divulgados na mídia e nas redes sociais, além de constarem na plataforma Clinical Trials.
Os dados finais mostram a redução de 77,7% na mortalidade do grupo de pacientes que adicionou a proxalutamida ao tratamento médico. O estudo foi randomizado duplo-cego e controlado por placebo.
A proxalutamida é um fármaco anti-androgênico, em testes dentro e fora do país para o tratamento da covid-19.
Nos Estados Unidos, uma pesquisa aprovada pela FDA (Food and Drug Administration) para comprovar a eficácia de droga está atualmente em fase 3, a última antes da obtenção de registro sanitário.
No Brasil, mais de 20 estudos com a proxalutamida estão em andamento, autorizados tanto pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) quanto pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), que deu parecer favorável à pesquisa da qual a Samel participou.
*Com informações da direção da Samel
Foto: Reprodução