Justiça determina reparaĂ§Ă£o por mortes na crise de oxigĂªnio em Manaus
DecisĂ£o liminar obriga UniĂ£o, estado e prefeitura a identificar vĂtimas, prestar assistĂªncia e adotar medidas educativas

Publicado em: 17/06/2025 Ă s 21:00 | Atualizado em: 17/06/2025 Ă s 22:07
A Justiça Federal determinou que a UniĂ£o, o estado do Amazonas e a prefeitura de Manaus investiguem as violações de direitos humanos e forneçam informações sobre a crise de oxigĂªnio, ocorrida em janeiro de 2021, no perĂodo da pandemia de covid-19, em Manaus.
A decisĂ£o Ă© a primeira sobre o caso e acolhe parcialmente os pedidos ajuizada pelo MinistĂ©rio PĂºblico Federal (MPF) em conjunto com a Defensoria PĂºblica Estadual (DPE-AM).
De acordo com a decisĂ£o, devem ser elaborados programas estatais para identificar as vĂtimas, incluindo familiares, e garantir atenĂ§Ă£o mĂ©dica/psicossocial e capacitaĂ§Ă£o educacional/laboral para as pessoas afetadas.
AlĂ©m disso, devem ser desenvolvidos cursos internos, direcionados ao corpo tĂ©cnico das Secretarias e MinistĂ©rio da SaĂºde, com abordagem sobre os eventos relacionados Ă pandemia e as boas prĂ¡ticas de atuaĂ§Ă£o em cenĂ¡rios de emergĂªncia sanitĂ¡ria.
Pelo parecer, as medidas devem ser implementadas a partir do segundo semestre deste ano.
A determinaĂ§Ă£o prevĂª o prazo de 60 dias para o cumprimento das ações. O descumprimento poderĂ¡ resultar na aplicaĂ§Ă£o de multa diĂ¡ria de R$ 10 mil, limitada a uma soma mĂ¡xima de R$ 500 mil para cada rĂ©u.
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AlĂ©m das medidas requeridas, o MPF e a DPE pedem na Justiça que a UniĂ£o, o estado e o municĂpio paguem uma indenizaĂ§Ă£o de R$ 4 bilhões; R$ 1,6 bilhĂ£o para danos individuais homogĂªneos e R$ 2,4 bilhões para danos morais coletivos e sociais.
Entretanto, esse pedido da aĂ§Ă£o ainda aguarda julgamento e busca a responsabilizaĂ§Ă£o civil, institucional e histĂ³rica dos entes pĂºblicos.
InvestigaĂ§Ă£oÂ
No inquĂ©rito conduzido pelo MPF foi constatada a falta de contrataĂ§Ă£o adequada de oxigĂªnio medicinal, mesmo apĂ³s a empresa fornecedora alertar sobre o aumento na demanda.
Em julho de 2020, seis meses antes da crise de falta de oxigĂªnio, a fornecedora avisou ao estado que era preciso assinar um aditivo no contrato para aumentar o fornecimento.
No entanto, apenas em novembro o contrato foi ampliado, e ainda assim, em uma quantidade menor do que o necessĂ¡rio.
As investigações apontaram a omissĂ£o do governo ao nĂ£o planejar de forma adequada a transferĂªncia de pacientes para outros estados, mesmo sabendo que o sistema de saĂºde poderia entrar em colapso em poucos dias e que havia vagas disponĂveis em outras regiões do paĂs.
AlĂ©m disso, a falta de ações coordenadas de distanciamento social e o incentivo ao uso de medicamentos preventivos sem comprovaĂ§Ă£o cientĂfica ajudaram a piorar a situaĂ§Ă£o, levando ao colapso do sistema de saĂºde e Ă escassez de oxigĂªnio medicinal no estado, ocorrida em janeiro de 2021.
O MPF destaca que a grave omissĂ£o acarretou violaĂ§Ă£o dos direitos Ă vida, Ă saĂºde, Ă informaĂ§Ă£o e Ă memĂ³ria, alĂ©m de ter contribuĂdo para o agravamento da crise sanitĂ¡ria e para centenas de Ă³bitos evitĂ¡veis.
Com informações do MPF
Foto: divulgaĂ§Ă£o