No Amazonas, as mortes em intervenções policiais caíram 40,4% em 2023, e a maioria registrada é no interior do estado. No entanto, pessoas negras seguem sendo as principais vítimas. Esse dado integra o estudo “Pele alvo: mortes que revelam um padrão”, da Rede de Observatórios da Segurança, o qual aponta um cenário nacional preocupante. Segundo o levantamento, realizado via Lei de Acesso à Informação (LAI) em nove estados, dos 4.025 óbitos causados pela polícia no Brasil, 87,8% eram de negros.
A pesquisa inclui dados de Pernambuco, Bahia, Ceará, Maranhão, Pará, Piauí, Rio de Janeiro e São Paulo, além do Amazonas. Ademais, evidencia que as taxas de letalidade negra nesses locais variam de 66,3% em São Paulo a 95,7% em Pernambuco. Por outro lado, a Bahia lidera em número de mortes por intervenção policial, com 1.702 casos em 2023, representando um crescimento de 161% desde 2019.
Além disso, o levantamento destaca que a violência policial afeta especialmente jovens negros. No Ceará, por exemplo, 69,4% das vítimas de mortes policiais em 2023 tinham entre 18 e 29 anos. O estudo registra ainda 243 mortes de adolescentes entre 12 e 17 anos, indicando que essa faixa etária também sofre altos riscos em abordagens policiais.
Entretanto, outro problema é a falta de dados completos sobre a raça das vítimas. No Amazonas, por exemplo, 54,2% das vítimas de letalidade policial não tiveram cor ou raça identificada, o que compromete uma análise aprofundada. Situação semelhante ocorre no Maranhão, onde apenas 32,3% dos casos têm informações raciais, e no Ceará, que também apresenta lacunas abertas.
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Por outro lado, a Secretaria de Segurança do Pará atribui uma queda de 15,89% nas mortes a ações como o uso de câmeras corporais. No Rio de Janeiro, a redução na letalidade violenta foi de 15% até em 2023, embora a secretaria local questione a metodologia do estudo, apontando que várias mortes resultaram de confrontos armados.
Em resposta, a Rede de Observatórios defende a inclusão de dados raciais completos e a criação de políticas específicas para reduzir a vulnerabilidade de pessoas negras. Algumas Secretarias de Segurança, como a do Ceará, se comprometeram a enfrentar o racismo institucional. Contudo, os números seguem altos, reforçando, assim, a urgência por ações mais eficazes de proteção à população negra.
Com informações da Agência Brasil .
Foto: Mídia Ninja