Nova onda do coronavírus causa 733 mortes em Manaus, diz Fiocruz
A nova ou segunda onda da covid, segundo o cientista na Fiocruz/Amazônia, exige um rigoroso e urgente isolamento social

Iram Alfaia, do BNC Amazonas em Brasília
Publicado em: 11/12/2020 às 16:54 | Atualizado em: 11/12/2020 às 17:54
A nova onda do coronavírus (covid-19) já causou 36 mil novos casos e matou 733 pessoas em Manaus. O alerta foi feito pelo epidemiologista da Fiocruz/Amazônia Jesem Orellana. Ele classifica essa segunda onda desses números o período entre agosto e novembro.
De acordo com Orellana, Manaus precisa urgentemente de um lockdown, ou seja, medidas mais rígidas de isolamento social.
“Manaus está mergulhada em uma crise sanitária sem precedentes. Foi castigada gravemente pela epidemia de covid–19 na primeira onda e, agora, na segunda onda, já ocorreram em torno de 800 novas mortes confirmadas”, disse ele em novo alerta epidemiológico.
Com base nos dados do Sivep-Gripe (Sistema de Informação de Vigilância da Gripe), o cientista atesta que na segunda onda foram confirmados aproximadamente 36 mil novos casos da doença.
“A incidência (casos novos) de SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave), de acordo com a data dos primeiros sintomas, mostra um platô próximo a casa dos 10 para cada 100 mil habitantes, o qual já dura em torno de 10 semanas seguidas”, revelou.
Pelo levantamento houve um aumento acentuado de mortes na segunda onda. Em agosto foram 125 óbitos, setembro 155, outubro 244 e novembro 209.
Para ele, atualmente no Brasil não há nada parecido em termos de negligência sanitária. “Temos visto outras cidades com incidências até maiores neste fim de ano. No entanto, nenhuma delas passou pela grave situação de Manaus na primeira onda”.
Orellana afirmou que a tendência é a situação se estabilizar na cidade em patamar inaceitável. Ou que o problema se agrave devido as festas de final de ano quando as aglomerações são maiores.
Ele recomenda a suspensão do trabalho presencial e as aulas nas escolas da rede pública e particular.
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Distanciamento físico
“As razões do prolongamento desta tragédia incluem o prematuro e veloz relaxamento nas medidas de distanciamento físico, o inoportuno período eleitoral e a dinâmica do comércio de fim de ano em Manaus”, explicou.
Ele criticou, ainda, pesquisadores fora do Amazonas, principalmente do Sudeste, “insistindo na estúpida narrativa” de que Manaus já tem em torno de 80% de sua população infectada pelo novo coronavírus.
“Eles deveriam visitar nossos cemitérios e hospitais para entenderem que estamos longe dessa realidade artificial do mundo da modelagem matemática”.
O epidemiologista concluiu que a capital chega a dezembro com a epidemia estabilizada em patamares altos e inaceitáveis, “mesmo depois de tantos alertas, do notável aumento de mortes evitáveis”.
Outro lado
Para a Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM), suas orientações são suficientes para manter o controle da doença.
De acordo com a fundação, o uso da máscara, manter a distância entre as pessoas, lavagens das mãos com água e sabão ou a utilização de álcool em gel, são recomendações consideradas fundamentais no controle da circulação do vírus.
A FVS-AM alerta, ainda, que a flexibilização dos serviços e comércios não descredencia essas medidas. Para ela, são medidas essenciais para manter as atividades funcionando.
Foto: divulgação/FVS-AM