O Observatório do Clima , uma coalizão de organizações ambientais, responsabiliza a intenção do governo de Jair Bolsonaro em asfaltar a BR-319, que liga Manaus a Porto Velho, pela a explosão do desmatamento no Amazonas.
“A explosão de 55% do desmatamento no Amazonas tem nome e sobrenome: BR-319, a estrada que o Tarcísio de Freitas (ministro da Infraestrutura) quer pavimentar na marra, atropelando todo o rito do licenciamento ambiental”, postou no Twitter o Observatório.
De acordo com a organização, os dados sobre o Amazonas são os mais preocupantes do novo Prodes, pois se trata do segundo estado mais preservado da região.
“A devastação ali subiu 55%, fazendo o Amazonas ultrapassar Mato Grosso como segundo Estado mais desmatado da Amazônia Legal. A devastação se concentra no sul do Estado, nos municípios de Apuí e Lábrea”, diz o Observatório por meio de nota.
Destaca ainda que Lábrea é por onde passa a BR-319, estrada que o governo Bolsonaro “tenta pavimentar a todo custo, passando por cima do rito de licenciamento ambiental.”
“O desmatamento em Lábrea pode indicar um surto de grilagem em antecipação à obra – uma tendência histórica na Amazônia. Enquanto isso, as multas ambientais por crimes contra a flora despencaram no Estado: foram aplicadas 280, o menor número desde 2004”, diz.
A taxa no Estado este ano foi de 2.347 km², um aumento de 55% em comparação com o ano passado quando alcançou 1.512 km².
Na Amazônia, onde a área tombada foi de 13.235 km², a maior em 15 anos, o Amazonas é o segundo estado mais afetado. O primeiro do ranking é o Pará com 5.257 km². Mato Grosso é o terceiro com 2.263 km² de floresta derrubada.
“O resultado é fruto de um esforço persistente, planejado e contínuo de destruição das políticas de proteção ambiental no regime de Jair Bolsonaro. É o triunfo de um projeto cruel que leva a maior floresta tropical do mundo a desaparecer diante dos nossos olhos e torna o Brasil de Bolsonaro uma ameaça climática global”, disse Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório.
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Ministro responde
Em nota, o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, diz que os dados de desmatamento do Prodes no período de agosto de 2020 a julho de 2021, que apresentam um corte raso de 13.235 km², não refletem a atuação do governo federal ao longo dos últimos meses.
Acusou uma reversão do desmatamento acumulado nos períodos de julho a outubro deste ano, com um total de 4.277,32 km².
“No mesmo período de 2020, o acumulado foi de 4.811,13 km², o que representa uma queda de 11%, resultado de uma ação coordenada do governo federal.”
“O governo federal vai atuar de forma contundente contra qualquer crime ambiental. Tenho participado de viagens de operações para combater o crime na Amazônia. E vamos ser mais contundentes, pois os números apresentados pelo Prodes são inaceitáveis”, afirmou o ministro.
Foto: Divulgação