Observatório do Clima prevê Brasil na liderança contra desmatamento 

Crítico do governo de Jair Bolsonaro afirma que esta situação só mudará para melhor sem a reeleição do presidente

observatorio, clima, brasil, desmatamento

Iram Alfaia, do BNC Amazonas em Brasília

Publicado em: 16/09/2022 às 17:39 | Atualizado em: 16/09/2022 às 17:57

O secretário-executivo do Observatório do Clima, Márcio Astrini (foto), disse que o Brasil pode liderar a agenda contra o desmatamento, mas para isso vai precisar de um novo governo que não tenha Jair Bolsonaro (PL) na Presidência.  

Astrini é crítico do governo Bolsonaro por considerá-lo um dos principais responsáveis pelo desmatamento recorde na Amazônia durante os últimos anos. 

“O governo não peca apenas pela omissão na área ambiental de desmatamento, mas é um franco parceiro do crime ambiental”, disse. 

O ambientalista fez essa avaliação no contexto da decisão do Parlamento Europeu que aprovou na última terça-feira (13) uma proposta para uma regulação antidesmatamento. 

“Aprovado o texto base da lei antidesmatamento no Parlamento Europeu. Serve para vários países, e pega em cheio o Brasil. O mundo mudou e a destruição florestal não é mais aceita. Podemos ser líderes nesta agenda, mas vamos precisar de um outro governo”, disse ele. 

O secretário-geral da entidade disse que o recado do Parlamento Europeu foi claro: 

“A sociedade de um dos maiores mercados consumidores do mundo não quer mais desmatamento em seu prato, em sua casa e em seus automóveis”. 

No seu entendimento, passa da hora de países produtores de commodities, como o Brasil, pararem de se fingir de surdos.  

“Zerar o desmatamento tropical é uma obrigação moral com as pessoas, os ecossistemas e o clima, e agora será também um pré-requisito para os negócios”. 

Leia mais

Produtos 

Entre os produtos que integram a lista estão as duas principais commodities que causam a destruição da Amazônia, a soja e a carne.  

Couro, madeira, cacau, borracha, milho e dendê também estão sujeitos à nova regulação, que exigirá que os importadores realizem uma auditoria (processo conhecido em inglês como due diligence) nos fornecedores desses produtos. 

“Se for suficientemente forte quando de sua promulgação, a norma europeia poderá ser um instrumento poderoso para o combate ao desmatamento, já que outros importadores no mercado internacional tenderão a usar os padrões já estabelecidos pela UE como parâmetro para as próprias compras. Uma lei frouxa, ao contrário, poderá sedimentar as más práticas e estimular a devastação”, diz nota. 

Foto: reprodução/JP