Operação da PF contra garimpeiros por mortes de ianomâmis em Roraima
A 1ª Vara Federal de Roraima autorizou a operação após representação da PF e manifestação favorável do Ministério Público Federal

Diamantino Junior
Publicado em: 29/10/2020 às 19:43 | Atualizado em: 30/10/2020 às 11:39
A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira (29), a Operação Ábdito contra garimpeiros.
Os investigados são suspeitos do assassinato de dois jovens indígenas, em junho deste ano, na Terra Indígena Ianomâmi, em Roraima.
Os jovens mortos foram Original Yanomami, de 24 anos, e Marcos Arokona, de 20. Eles estavam caçando quando foram atacados a tiros no meio da floresta, informou a PF.
Na operação, policiais federais cumpriram quatro mandados de busca e apreensão em Boa Vista.
A 1ª Vara Federal de Roraima autorizou a operação após representação da PF e manifestação favorável do Ministério Público Federal.
Início da ação
Ao tomar conhecimento das mortes, a Polícia Federal começou uma investigação e fez visitas à região do conflito, dentro da Terra Indígena Yanomami.
No local, os agentes encontraram:
- indícios de atividade de pesquisa para o garimpo ilegal
- um acampamento usado pelos garimpeiros
- evidências dos crimes, como cartuchos de espingardas deflagrados
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“As investigações indicam que um grupo de indígenas estaria caçando, em região isolada, na mata, quando se depararam com garimpeiros armados, que os perseguiram e atiraram. Somente o corpo de uma das vítimas foi encontrado”, informou a Polícia Federal.
Suspeito foragido
Ainda em junho, um dos suspeitos do crime, que está foragido, foi identificado.
Na ocasião, além do pedido de prisão preventiva, os agentes cumpriram mandados de busca em endereços ligados ao investigado.
Os materiais apreendidos indicam, segundo a Polícia Federal, que ele não age sozinho.
“A PF constatou que o garimpeiro contaria com o apoio de uma rede de familiares e amigos que estariam, ativamente, atrapalhando as investigações e teriam possibilitado a sua fuga”, adiantou a PF.
Na ação desta quinta-feira (29), os agentes buscam desarticular os ‘apoiadores’ e investigar sua participação em crimes como associação criminosa e favorecimento pessoal.
A Polícia Federal informou que o nome da operação, Ábdito, faz referência tanto à situação de isolamento dos indígenas e da localidade dos crimes quanto à ocultação dos suspeitos.
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Foto: BNC Amazonas