Uma pesquisa científica desenvolvida no Amazonas busca estratégias para o desenvolvimento da cadeia produtiva do óleo essencial extraído de árvores reconhecidas de pau-rosa (complexo Aniba panurensis) por organizações comunitárias do estado.
O estudo é desenvolvido por pesquisadores do Laboratório de Silvicultura Tropical e Propagação de Plantas do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).
De origem amazônica e conhecida internacionalmente pelo aroma do seu óleo essencial, a pesquisa desenvolvida com o pau-rosa conta com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), por meio do Programa de Apoio à Pesquisa – Universal Amazonas, edital Nº 002/2018, que financia atividades de pesquisa científica, tecnológica e de inovação, ou de transferência tecnológica, em todas as áreas de conhecimento, que representem contribuição significativa para o desenvolvimento do Estado do Amazonas.
O coordenador do projeto e doutor em silvicultura Paulo de Tarso Sampaio (foto ), disse que a proposta do estudo é contribuir na organização da cadeia produtiva do óleo essencial extraído de árvores de pau-rosa.
O objetivo é revelar o potencial produtivo atual no estado e, consequentemente, auxiliar as organizações comunitárias do interior do Amazonas para o manejo racional e sustentável do pau-rosa, com o beneficiamento e venda do óleo essencial diretamente às empresas interessadas na compra desse produto.
“Inúmeras comunidades tradicionais no Amazonas vêm implementando plantios da espécie com a perspectiva de geração de renda.
No entanto, a organização para o beneficiamento e comercialização por grupos comunitários é muito incipiente”, disse Sampaio.
Para desenvolver a pesquisa o coordenador esclarece que inicialmente será realizado um diagnóstico da cadeia produtiva do pau-rosa no estado.
Com essas informações será possível estimar a capacidade produtiva das organizações comunitárias dos municípios de abrangência do projeto, além de atualizar o mapa de ocorrência e produção, segundo Sampaio.
O coordenador do projeto e doutor em silvicultura Paulo de Tarso Sampaio Foto: Divulgação
O pesquisador disse que o pau-rosa é uma árvore da família laurácea e pode ser encontrada no Brasil, Guiana Francesa, Suriname, Guiana, Venezuela, Peru, Colômbia e Equador.
De acordo com Sampaio, devido à insustentabilidade da exploração, sofrida no século passado para extração de óleo essencial, atualmente a espécie está ameaçada de extinção sendo raramente encontrada em populações naturais.
“O óleo essencial obtido da árvore é marcado pelo característico odor doce e amadeirado, muito apreciado pela indústria de perfumaria”, afirmou.
Manejo sustentável
Sampaio disse que a escassez do recurso levou à diminuição drástica da oferta do produto e consequente o aumento da demanda por inúmeras empresas do ramo da perfumaria que desejam utilizar a nobre essência de pau-rosa em suas formulações.
Segundo ele, atualmente apenas duas empresas do Amazonas, em Maués e Novo Aripuanã, comercializam o óleo essencial.
“Este cenário tem estimulado o plantio da espécie, muitas vezes fomentado por projetos de pesquisa para obter informações sobre a silvicultura e por Ongs, com o intuito de estimular a geração de renda através do manejo sustentável”, disse Sampaio.
Região produtiva
De acordo com ele, municípios como Presidente Figueiredo, São Sebastião do Uatumã, Silves, Maués e Parintins têm inúmeros plantios de pau-rosa com apoio das organizações comunitárias, porém sem nenhuma organização prévia para as etapas de manejo, beneficiamento e venda.
“No momento o estudo está em fase de planejamento estabelecendo contato com as organizações comunitárias e organizando a próxima etapa, que será a coleta de dados em campo”.
O coordenador pontuou que a pesquisa será desenvolvida nos municípios da Amazônia central, como Maués, Silves, Itacoatiara, Parintins, Presidente Figueiredo, Novo Aripuanã.
Fotos: Divulgação