Pirarucu no AM: população no Solimões volta a nivel normal após 24 anos
Com um crescimento médio anual de 25%, a população do pescado aumentou 620%

Mariane Veiga
Publicado em: 04/01/2024 às 17:24 | Atualizado em: 04/01/2024 às 17:30
A coordenadora de manejo de pesca do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, Ana Cláudia Gonçalves, disse que a população de pirarucu no médio rio Solimões voltou a níveis normais desde que o estudo com a espécie começou a ser feito em 1999.
Com um crescimento médio anual de 25%, a população do pescado aumentou 620%.
Em 1998, a média do tamanho do pirarucu era de 1,27 metro. As medições realizadas em 2022 revelaram que o peixe passou a ter 1,80 m, em média.
“Não precisa entrar na área de reserva para ver o pirarucu. Hoje, a população voltou a níveis naturais nessas áreas que fazem com que, naturalmente, haja uma migração para o rio”, disse Ana Cláudia.
O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, ao qual o Instituto é vinculado, diz que essa situação consolida um exemplo bem-sucedido de desenvolvimento sustentável.
Ao BNC Amazonas, a ministra Luciana Santos disse que quer o Museu Emílio Goeldi, o Mamirauá e o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) em maior sinergia diante dos desafios da bioeconomia.
De acordo com a pasta, em 2022, o faturamento com o pescado manejado superou R$ 4,3 milhões e promete crescer nos próximos anos.
Enquanto o preço médio de comercialização do pirarucu no Amazonas em 2023 foi de R$ 4,50/kg, as comunidades que contam com a assessoria técnica do Instituto Mamirauá receberam, em média R$6,68/kg, atingindo R$ 10 em algumas localidades.
“O valor quase 50% superior é resultado de um esforço do Mamirauá em articular arranjos comerciais, buscando comercializar diretamente com os frigoríficos, reduzindo os intermediários”, diz o ministério.
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Investimento
O ministério investiu na construção de um entreposto de beneficiamento do pirarucu.
O flutuante, planejado para aprimorar o sistema de pré-beneficiamento, utiliza energia solar para tratar a água retirada do rio que é utilizada na lavagem dos peixes.
Além disso, permitiu avançar nas boas práticas de manipulação e na ergonomia dos manipuladores do peixe.
“Já conseguimos comprovar que isso melhora a qualidade do produto final, aumenta o tempo de prateleira e de armazenamento no frigorífico”, disse Ana Cláudia.
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Seca
Questionada sobre os prejuízos com a seca dos rios no ano passado, a diretora diz que a estiagem afetou a navegação dos canais de acesso para a chegada dos pescadores até os lagos.
Outra preocupação envolve os custos para escoar a produção.
“Em anos de seca, os custos com combustível crescem por conta das distâncias que aumentam de seis para 10 horas, em média, na maioria das áreas”.
Quanto à mortalidade do peixe, ela explica que a espécie é uma das mais resistentes, e os peixes têm respiração aérea, capturando ar da atmosfera.
“Isso traz um pouco de vantagem em relação aos outros peixes que têm apenas respiração aquática”.
Com informações do ministério.
Foto: Bernardo Oliveira/Instituto Mamirauá