Diante dos ataques crescentes dos piratas dos rios, com assaltos e mortes tanto no Amazonas, como em toda a região Norte, a Polícia Federal (PF) está montando uma força-tarefa para reprimir tais ações criminosas no estado.
A ação policial vem em resposta aos apelos que os proprietários de embarcações, ribeirinhos e a população que utiliza os rios, vem fazendo tanto à polícia, nos meios de comunicação, redes sociais e até no parlamento.
Nesta semana, por exemplo, dois deputados do Amazonas, um estadual e outro federal, foram à tribuna do parlamento pedir providências de autoridades contra os piratas.
Na Assembleia Legislativa do Amazonas (ALE-AM), o deputado Wilker Barreto (Mobiliza) disse que os ataques dos piratas contra a população estão sem limites. Pessoas estão sendo mortas, agredidas, humilhadas ao trafegarem pelos rios do estado.
Barreto mencionou o caso ocorrido, no final de semana, quando um agricultor foi assassinado em frente à cidade de Tefé. Segundo o deputado, os piratas roubaram até mesmo a lancha da Funai.
“Já está acontecendo desabastecimento no Amazonas. Os comerciantes têm que contratar escolta armada. E isso é caro e vai para o preço. Os transportadores de gasolina, diesel, só navegam hoje com frota armada”.
Desse modo, o deputado estadual disse ainda que fez contato com o delegado de Polícia Civil e com subcomandante da Polícia Militar pedindo providências para instalações da base Anzol e mais patrulhamento nos rios.
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Repercussão nacional
Assim como Barreto, o deputado federal Átila Lins (PSD) também utilizou a tribuna da Câmara dos Deputados para levar ao conhecimento da nação o que está acontecendo no interior do estado.
Especialmente os ataques ocorridos nas regiões do alto (Tabatinga, Fonte Boa, Tefé) e médio rio Solimões e rio Japurá.
“As pessoas que utilizam os rios da Amazônia, como se fossem estradas naturais, estão sofrendo uma perseguição implacável dos piratas dos rios, estão sofrendo assaltos diariamente. Houve uma morte em Tefé. Os piratas dos rios assaltaram um dos barcos que faziam o transporte de material e [passageiro] acabou vindo a óbito”.
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Depoimento
De acordo com o professor Edilson Santos, nas imediações de Tabatinga, São Paulo de Oliveira e no distrito de Santa Rita, na região da tríplice fronteira com Peru e Colômbia, já houve pelo menos três ações violentas com mortes. Inclusive, um dos alunos dele, chamado Johnny, foi assassinado.
“Ele era pequeno comerciante e comprava as mercadorias em Tabatinga, Letícia [Colômbia], Santa Rosa [Peru]. Daí, os piratas dos rios assaltaram ele, pegaram toda a mercadoria, todo o dinheiro que tinha com ele”, disse Santos.
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Fundo Amazônia
Lins afirmou que nesta semana o presidente Lula da Silva, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e os diretores-gerais das polícias Federal e Rodoviária assinaram contrato para que parte dos recursos do Fundo Amazônia, cerca de R$ 300 milhões, possa ser utilizado na segurança pública.
Dessa forma, o Ministério da Justiça realizará patrulhamento na região amazônica, nas fronteiras de todos os estados da região para coibir o contrabando, o crime organizado, tráfico de drogas e garimpo ilegal.
Piratas dos rios
Por conta disso, Lins deverá encaminhar um pedido ou sugestão, chamado de “indicação legislativa”, ao ministro da Justiça para que esses recursos do Fundo Amazônia também sejam usados na repressão aos piratas dos rios.
“Então, já que teremos R$ 315 milhões para serem aplicados na segurança das fronteiras da região amazônica, vou pedir ao ministro Lewandowski que esses recursos sejam também utilizados para enfrentar os piratas dos rios, que estão fazendo verdadeiro estrago no Amazonas e em toda a região”.
Foto: Secom/divulgação