Jonas Castro pratica ato ilegĂtimo no TSE e pode perder cargo e mandato
Advogados ouvidos pelo BNC afirmam que o presidente da CĂ¢mara de Presidente Figueiredo extrapolou limites e pode ter cometido crime de falsidade ideolĂ³gica

Israel Conte, da redaĂ§Ă£o
Publicado em: 20/05/2020 Ă s 19:18 | Atualizado em: 20/05/2020 Ă s 20:50
O presidente da CĂ¢mara Municipal de Presidente Figueiredo, vereador Jonas Castro (Avante) corre o risco de perder o cargo e o mandato.
Em ato ilegĂtimo, o parlamentar protocolou no dia 8 de maio um recurso no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em nome da mesa diretora, mas sem o conhecimento e assinatura dos seus membros.
No documento, o vereador pede a cassaĂ§Ă£o do prefeito Romeiro Mendonça (Progressistas) e do vice, MĂ¡rio AbrahĂ£o (PDT), ato do qual Ă© o principal beneficiado.
Advogados ouvidos pelo BNC Amazonas afirmam que Castro desrespeitou decisĂ£o judicial, artigos do regimento interno e da Lei OrgĂ¢nica do MunicĂpio e ainda pode ter cometido crime de falsidade ideolĂ³gica.
Surpreendidos
A conduta de Jonas Castro veio Ă tona durante sessĂ£o nesta quarta-feira, dia 20.
Questionado em plenĂ¡rio sobre o assunto pelo vereador Marcos Nascimento (PSB), o presidente da CĂ¢mara Municipal cortou o microfone do parlamentar e encerrou a sessĂ£o de forma abrupta.
“Com o documento na mĂ£o, perguntei na sessĂ£o plenĂ¡ria se o vice-presidente e a primeira-secretĂ¡ria tinham conhecimento do recurso no TSE. Quando eles responderam que nĂ£o, ele [Jonas Castro] cortou o som e acabou a reuniĂ£o”, relatou Nascimento.
“Isso Ă© crime contra o parlamento, porque parlamento se dĂ¡ por colegiado. […] Isso criou um medo porque ele Ă© capaz de usar o nome dos membros da mesa diretora, em causa prĂ³pria, sem eles nem saberem”, alertou Nascimento.
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O BNC Amazonas conseguiu contato com quatro dos seis membros da mesa diretora.
As vereadoras PatrĂcia Leal (MDB) e InĂªs Sampaio (MDB) disseram que tomaram conhecimento da conduta de Jonas Castro durante a sessĂ£o de hoje.
O vereador Assis Arruda (Podemos) disse que a atitude de Jonas pegou “todos de surpresa”.
O vice-presidente da CĂ¢mara, vereador Anderson Leal (Podemos), que tambĂ©m nĂ£o sabia do ato do presidente no TSE, conversou com Jonas apĂ³s a sessĂ£o de hoje.
“Ele justificou que por causa da pandemia nĂ£o estava conseguindo entrar em contato com a gente. [Mas] hoje tem todos os meios de comunicaĂ§Ă£o, moramos num municĂpio pequeno e a gente estĂ¡ sempre por aqui”, disse Anderson.
Interesse prĂ³prio
O advogado Marco AurĂ©lio Choy, que defende o prefeito Romeiro Mendonça no processo do TSE, afirmou que a atitude de Jonas Castro Ă© ilegĂtima.
“É ilegĂtima porque nem o presidente nem a CĂ¢mara Municipal sĂ£o partes desse processo na Justiça Eleitoral. JĂ¡ hĂ¡ uma decisĂ£o do ministro-relator (LuĂs Felipe SalomĂ£o) pela reconduĂ§Ă£o do prefeito e decisĂ£o judicial tem que ser respeitada. Esse documento Ă© fruto do objetivo pessoal dele [Jonas Castro] de se tornar prefeito”, afirmou Choy.
Falsidade ideolĂ³gica
Para o advogado Ednilson Pimentel, Jonas Castro “extrapolou limites como chefe do Poder Legislativo” e desrespeitou o artigo 10 do regimento interno da CĂ¢mara Municipal e o artigo 29 da Lei OrgĂ¢nica do MunicĂpio.
AlĂ©m disso, o parlamentar pode ter cometido o crime de falsidade ideolĂ³gica.
“Ele nĂ£o tem respaldo da mesa pra fazer o que fez. A meu ver, constitui falsidade ideolĂ³gica porque falsamente estĂ¡ dizendo que agiu em nome da mesa diretora, mas ele nĂ£o tem respaldo e nem autorizaĂ§Ă£o, de fato, da mesa. Ele pode, inclusive, perder o cargo por uma representaĂ§Ă£o feita por qualquer dos vereadores, no sentido de cassaĂ§Ă£o do mandato ou destituiĂ§Ă£o da presidĂªncia”, afirmou Pimentel.
Jonas Castro foi procurado pela reportagem do BNC Amazonas no telefone final 0988. Mas nĂ£o atendeu nossas ligações.