Projeto “Casa das Frutas”, de Santa Isabel do Rio Negro, ganha prêmio do BNDES 

Com apoio da FAO, Iphan e Embrapa, o Prêmio SAT 2020 valoriza ações que empregam conhecimento e técnicas da cultura de comunidades e povos tradicionais.  

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Da Redação do BNC Amazonas em Brasília   

Publicado em: 30/10/2020 às 23:30 | Atualizado em: 30/10/2020 às 23:40

O projeto “Casa das Frutas”, de Santa Isabel do Rio Negro, no Amazonas, foi o vencedor do 2º Prêmio BNDES. O prêmio é de Boas Práticas em Sistemas Agrícolas Tradicionais (Prêmio SAT 2020). 

A iniciativa premia com R$ 610 mil às melhores práticas em projetos agrícolas, pecuários, extrativistas e pesqueiros.

Essas atividades empregam conhecimento e técnicas da cultura de comunidades e povos tradicionais. 

Os projetos classificados nos três primeiros lugares receberão R$ 70 mil cada um. Para as demais iniciativas selecionadas, no entanto, o valor do prêmio é de R$ 50 mil. 

O projeto “Casa das Frutas” foi criado pela Associação das Comunidades Indígenas do Médio Rio Negro (ACIMRN).

O objetivo é estruturar e gerir a cadeia de valor de produtos desenvolvidos com frutas secas em Santa Isabel.   

A ação compreende um projeto arquitetônico e construção de uma casa de beneficiamento de frutas secas. A Casa das Frutas seria e é utilizada por agricultores de comunidades indígenas de diversas etnias da região. 

 

Sistema Agrícola Tradicional  

Santa Isabel do Rio Negro é um dos três municípios de abrangência do Sistema Agrícola Tradicional (SAT) da região. Fica a 631 quilômetros de Manaus. Os demais municípios são São Gabriel da Cachoeira e Barcelos. 

O sistema se estende pelo território de 23 povos indígenas, dispersos por um complexo de cerca de 300 milhões de hectares.  

Levantamentos de produção e sazonalidade apontaram os produtos prioritários a serem processados na Casa das Frutas. 

A captação dos dados foram realizados entre 2017 e o início de 2019 nas comunidades indígenas.

 

Cardápio da merenda escola 

Os produtos visam atender o mercado privado e a merenda escolar pelo Plano Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).  

O projeto teve apoio da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn) e do Instituto Socioambiental (ISA). 

Também apoiaram, o Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento da França (IRD) e a Universidade de Campinas (Unicamp). 

O Polo Sindical das Organizações da Agricultura Familiar da Borborema, no Sertão da Paraíba, também foi premiado. Ficou em segundo lugar pela conservação da agrobiodiversidade.

E conseguiu isso por meio da Rede de Bancos Comunitários de Sementes da Paixão do Território da Borborema, iniciada em 1993.  

O terceiro colocado no prêmio SAT/BNDES 2020 foi o projeto das comunidades de apanhadoras de flores sempre-vivas. Esta representou o programa Sistemas Importantes do Patrimônio Agrícola Mundial (Sipam), da FAO de Minas Gerais.  

 

Visibilidade nacional 

“Foi ótimo poder ver como a cultura brasileira está desenvolvida nesses setores, apesar de ser muito pouco conhecida pela população”. A observação é do engenheiro Bruno Malburg, da Área de Gestão Pública e Socioambiental do BNDES. 

Para ele, o prêmio dá visibilidade aos sistemas agrícolas tradicionais (SATs), fundamentais para a sobrevivência dessas comunidades, E de acordo com ele, contribui para a valorização e preservação desse patrimônio da cultura nacional.

 

  

 

Também foram premiados:  

 a Associação dos Pescadores Artesanais de Porto Moz (Aspar), no Pará, pela conservação dos estoques pesqueiros e fortalecimento da entidade e da categoria;  

– o Centro de Agricultura Alternativa Vicente Nica e o Centro Cultural Kàjire, pela feira de sementes tradicionais do povo indígena krahô, em Goiatins (Tocantins);  

– as comunidades tradicionais de fecho de pastos do Oeste da Bahia, pela iniciativa dos guardiões e guardiãs do cerrado em defesa da biodiversidade; 

– Associação Indígena Ulupuwene, do Alto Xingu, pela festa do Kukuho (espírito da mandioca); 

– o coletivo da agriflorestas e frutas nativas da região dos Campos de Cima da Serra Gaúcha, pela conservação e manutenção dos potreiros tradicionais, por meio do aproveitamento e uso das espécies vegetais nativas;  

– e o Centro de Agricultura Alternativa Vicente Nica, do Vale do Jequitinhonha, em Minas, pelo Catálogo de Sementes Crioulas do Alto Jequitinhonha. 

 

Fotos: divulgação