Indígenas estariam entre retirados em reintegração de posse em Manaus
Famílias indígenas foram removidas da Comunidade Nisoken, Tarumã, Manaus, devido a uma ordem de reintegração de posse.

Diamantino Junior
Publicado em: 18/12/2023 às 14:42 | Atualizado em: 20/12/2023 às 09:42
Na manhã desta segunda-feira (18/12), ocorreu a remoção de famílias indígenas da Comunidade Nisoken, situada em uma área específica no Tarumã, em Manaus, em cumprimento a uma ordem de reintegração de posse expedida pela Justiça Federal na última sexta-feira (15/12).
O G1 buscou informações junto à Justiça Federal e à Polícia Militar do Amazonas (PMAM), responsável pela execução do mandado, no intuito de obter dados sobre a quantidade de famílias afetadas, aguardando, porém, uma resposta.
Os registros visuais feitos por residentes revelam tratores demolindo as malocas locais, evidenciando a ação de desocupação.
A participação da Polícia Federal (PF) no processo de reintegração de posse incluiu a disponibilização de caminhões de mudança e carregadores, proporcionando meios de transporte para os moradores escolherem o destino de sua realocação.
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A operação, que envolveu forças de segurança e maquinaria pesada, caracterizou-se como resposta à decisão judicial de restituir a propriedade, gerando impacto direto na vida das comunidades indígenas afetadas.
O número exato de famílias removidas permanece indefinido até o momento, aguardando esclarecimentos das autoridades competentes.
A presença policial, aliada à destruição das estruturas locais, suscita preocupações quanto aos direitos e bem-estar das famílias envolvidas, levantando questionamentos sobre o processo de diálogo e as alternativas habitacionais oferecidas aos impactados.
O desdobramento desse episódio demanda atenção e análise aprofundada, visando compreender as implicações sociais, jurídicas e humanitárias decorrentes da ação de reintegração de posse.
Terras indígenas
A invasão de terras indígenas mais do que dobrou no primeiro ano do governo Jair Bolsonaro (sem partido). Portanto foi registrado aumento de 135% em relação a 2018.
Os dados fazem parte do relatório Violência Contra os Povos Indígenas do Brasil. Esta, portanto, é organizado pelo Cimi (Conselho Indigenista Missionário) e divulgado nesta quarta-feira (30).
Em suma, o relatório aponta um total de 256 invasões “possessórias, exploração ilegal de recursos e danos ao patrimônio em terras indígenas, no ano de 2019″. No ano anterior, haviam sido 109 casos.
“A intensificação das expropriações de terras indígenas, forjadas na invasão, na grilagem e no loteamento, consolida-se de forma rápida e agressiva em todo o território nacional, causando uma destruição inestimável”, afirma o documento.
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Foto: divulgação PF