Caso Dom e Bruno: grupo vai proteger membros da Univaja
LĂder Beto Marubo, vinculado Ă Univaja, tem alertado para os perigos que os indĂgenas da regiĂ£o ainda sofrem, o que inclui ameaças de morte.

Da RedaĂ§Ă£o do BNC Amazonas*
Publicado em: 12/08/2023 Ă s 18:43 | Atualizado em: 14/08/2023 Ă s 14:58
A ComissĂ£o Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) criou ontem (11) um grupo garantir segurança a 11 integrantes da UniĂ£o dos Povos IndĂgenas do Vale (Univaja).
Com sede em Atalaia do Norte (AM), a Univaja ganhou notoriedade com o caso do assassinato do indigenista Bruno Pereira e o jornalista britĂ¢nico Dom Phillips, do The Guardian, em junho do ano passado.
De acordo com a informaĂ§Ă£o da AgĂªncia Brasil, as medidas cautelares servem para a proteĂ§Ă£o aos seguintes membros da entidade
- do lĂder e cocriador da Equipe de VigilĂ¢ncia da Univaja (EVU) Beto Marubo;
- CristĂ³vĂ£o Pissango Negreiros, membro da EVU;
- o procurador jurĂdico da Univaja, Eliesio da Silva Vargas Marubo;
- Higson Dias Castelo Branco, integrante da EVU;
- a antropĂ³loga Juliana Oliveira;
- Manoel Barbosa da Silva, colaborador da Univaja;
- a advogada NatĂ¡lia France Neves Carvalho;
- o indigenista Orlando Possuelo;
- o coordenador da Univaja, Paulo Dollis, o vice-coordenador da Univaja, Varney Kanamary;
- e Valdir EstevĂ£o Marubo.
Bruno e Dom
De acordo com a publicaĂ§Ă£o, todos eles se encontram em maior vulnerabilidade por conta do trabalho que exercem na salvaguarda dos povos indĂgenas do Vale do Javari e de seu territĂ³rio.
Sobretudo, por sua participaĂ§Ă£o direta nas buscas de Bruno Pereira e Dom Phillips e pela demanda por justiça, como ressaltou a CIDH.
O grupo da CIDH tem, ainda, outra missĂ£o: a de cobrar das autoridades a soluĂ§Ă£o do caso e a puniĂ§Ă£o da rede de responsĂ¡veis pela execuĂ§Ă£o de Bruno Pereira e Dom Phillips.
HĂ¡ uma terceira funĂ§Ă£o, que Ă© a de estabelecer “medidas de nĂ£o-repetiĂ§Ă£o” do incidente que envolveu o indigenista brasileiro.
Inclusive, ele jĂ¡ havia feito parte da FundaĂ§Ă£o Nacional dos Povos IndĂgenas (Funai), sendo perseguido por ela, durante o governo de Jair Bolsonaro, e o correspondente britĂ¢nico.
A Mesa de Trabalho Conjunta resulta de uma proposta entre o governo brasileiro, beneficiĂ¡rios e seus representantes e foi formalizada em 31 de julho, conforme esclareceu a CIDH em nota.
O prazo para definir um plano de aĂ§Ă£o Ă© de dois meses, e a previsĂ£o Ă© de que o grupo funcionarĂ¡ por dois anos.
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Ronda de perigos
Nesse sentido, o lĂder Beto Marubo, vinculado Ă Univaja, jĂ¡ tem alertado para os perigos que os indĂgenas da regiĂ£o ainda sofrem, o que inclui ameaças de morte.

HĂ¡ cerca de trĂªs semanas, ele afirmou, em sua conta no Twitter, que os planos que o governo federal prometeu para a regiĂ£o nĂ£o se materializaram.
A terra indĂgena Vale do Javari convive com um amontoado de dificuldades que desafiam as autoridades e colocam sob risco indĂgenas e defensores de direitos socioambientais.
Com isso, sendo as principais o comércio ilegal de madeira, o desmatamento, a caça e a pesca ilegais e o garimpo ilegal.
Por conseguinte, a regiĂ£o Ă© habitada por cerca de 6,3 mil pessoas, pertencentes a 26 povos e divididas em 64 aldeias.
O local centraliza o maior nĂºmero de povos em isolamento voluntĂ¡rio do mundo, grupos que optam por manter distanciamento de nĂ£o indĂgenas.
Ao todo, sĂ£o 19, de acordo com o Instituto Socioambiental (ISA), como os mayuruna/matsĂ©s, os matis, os kulina pano, os kanamari e os tsohom-dyapa.
*Com informações da AgĂªncia Brasil.
O que Ă© a CIDH
A ComissĂ£o Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) Ă© uma das entidades do sistema interamericano de proteĂ§Ă£o e promoĂ§Ă£o dos direitos humanos nas AmĂ©ricas.
Desse modo, tem sua sede em Washington, D.C. O outro Ă³rgĂ£o Ă© a Corte Interamericana de Direitos Humanos, com sede em SĂ£o JosĂ©, Costa Rica.
A CIDH Ă© um Ă³rgĂ£o principal e autĂ´nomo da OrganizaĂ§Ă£o dos Estados Americanos (OEA), cujo mandato surge com a Carta da OEA e com a ConvenĂ§Ă£o Americana sobre Direitos Humanos, representando todos os paĂses membros da OEA.
Assim, estĂ¡ integrada por sete membros independentes que atuam de forma pessoal, os quais nĂ£o representam nenhum paĂs em particular, sendo eleitos pela AssemblĂ©ia Geral.
A CIDH se reĂºne em PerĂodos OrdinĂ¡rios e ExtraordinĂ¡rios de sessões vĂ¡rias vezes ao ano. Sua Secretaria Executiva cumpre as instruções da CIDH e serve de apoio para a preparaĂ§Ă£o legal e administrativa de suas atribuições.
Foto: Marcelo Camargo/AgĂªncia Brasil