Por conta da revolta dos moradores de bairros de Manaus com o novo sistema de aferição do consumo de energia, implementado pela Amazonas Energia, o jornalista Ronaldo Tiradentes denunciou os detalhes sobre essa questão e o envolvimento do senador Eduardo Braga (MDB).
Braga postou vídeo nas redes sociais dizendo que estaria ingressando com ações na Justiça Federal e Estadual para brecar a substituição dos contadores de energia residenciais. Ronaldo afirma que tudo isso não passa de “lambança” do senador que não vai “dar em nada”.
“Ele (Eduardo Braga) poderia ligar para o Orsine (Oliveira, dono da Amazonas Energia) e dar dois gritos nele e mandar acabar com essa troca de medidores”, disse Tiradentes, se referindo ao fato que Orsine seria testa de ferro do senador na empresa.
Segundo informações de Tiradentes, Braga foi o grande articulador da manobra para que a empresa caísse no colo de seus amigos.
Essa manobra deixou para os consumidores, o passivo de R$ 11 bilhões.
Ronaldo também informou que o senador, além de ter trabalhado forte na articulação da venda da Amazonas Energia, agora trabalha na privatização da Eletrobrás, que teria como principal interessado na compra, o empresário Lírio Parisotto, amigo pessoal de Eduardo Braga.
Em 2019, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou, sem restrições, a venda da estatal Eletrobras Amazonas Energia para o consórcio amazonense Oliveira/Atem.
A informação foi postada no Twitter do Conselho na época.
A privatização da empresa, ocorrida em dezembro d e 2018, foi denunciada ao Cade pela concorrente Gopower & Air.
A concorrente argumentou ao colegiado que a privatização provocaria concentração de mercado no fornecimento de geradores elétricos, já que as duas empresas que compõem o consórcio (Oliveira/Atem) já atuavam no segmento de energia na região.
O Cade rejeitou os argumentos e deu anuência à venda.
A Amazonas Energia atende a quase 900 mil consumidores em 62 municípios do estado.
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Reajustes promovidos por Eduardo Braga
Quando foi ministro das Minas e Energia, Eduardo Braga promoveu uma série de reajuste na conta de luz do amazonenses, que refletem até hoje e faz com o estado tenha uma das tarifas mais caras do Brasil.
O primeiro reajuste ocorreu no final de 2014, onde a energia elétrica ficou mais cara 15,57% para consumidores e 22,62% para indústria.
O segundo reajuste foi em agosto do mesmo ano, quando os consumidores amazonenses passaram a pagar pelas bandeiras tarifárias, aumentando a conta em 5,5%. Contudo, este aumento foi suspenso graças a uma liminar da Justiça Federal, em setembro, impondo multa de R$ 2 milhões em caso de descumprimento.
Mas o então ministro não desistiu de majorar a conta de luz e, em outubro de 2015, determinou novo reajuste nas contas de luz dos amazonenses, o terceiro em menos de um ano, e desta vez foi superior a 66%. A nova conta passou a vigorar o dia 1º de novembro.
O aumento no valor da tarifa atingiu os 900 mil consumidores no Estado e foi aprovado pela Aneel, tendo variação média de até 39,1% para residências e comunidades rurais e 42,55% para as grandes indústrias.
Foto: reprodução/TV