Em 31 de dezembro de 2006, um governador democraticamente eleito para comandar o Tocantins completava seu mandato pela última vez: Marcelo Miranda (MDB).
Desde então, em nenhuma outra oportunidade o candidato escolhido nas urnas concluiu o período regular de governo. Nesses mais de 15 anos, os mandatários foram afastados por envolvimento em escândalos ou renunciaram ao cargo.
Reeleito em 2006, Marcelo Miranda acabou afastado em 2009, antes de completar o segundo mandato. Depois disso, Tocantins elegeu Siqueira Campos (PSDB), em 2010, Marcelo Miranda, novamente, em 2014, e Mauro Carlesse (então no PHS), em 2018. Nenhum deles concluiu o mandato.
Dentre os quatro afastamentos no período, três aconteceram por denúncias de envolvimento dos governadores em irregularidades e um por renúncia.
O clientelismo no Tocantins
Os mandatos não concluídos tornaram-se uma “regularidade” que permeia o estado e não são apenas acontecimentos isolados, como explica o professor Cesar Sagrillo.
Segundo ele, assim como “os Miranda”, grande parte dos grupos que exercem influência na região estão ligados à agropecuária. “São famílias com posses robustas do agronegócio, que dominaram a estrutura econômica e, com isso, também a estrutura política”, aponta.
Sagrillo explica que as escolhas eleitorais da população do Tocantins, em geral, não se caracterizam por voto ideológico ou opção de plano de governo, mas por uma escolha “pragmática” do eleitor.
“Há [no Tocantins] uma prática clientelista. É um voto pragmático, mas não de melhoria. É um voto pragmático de uma troca de uma benesse”, diz o professor.
O “clientelismo” mencionado pelo especialista é um processo no qual políticos e eleitores realizam uma troca: o candidato direciona bens e serviços à população e recebe, como contrapartida, o apoio eleitoral.
“Não é um estado com grande genealogia de políticos, uma grande constituição partidária. São grupos específicos que se revezam no poder”, completa.
Nas eleições de 2022, mais de uma década após o último governador concluir seu mandato, um novo candidato será escolhido para estar à frente do Tocantins por quatro anos.
Entre os pretendentes à missão de reverter tal tendência estão Ronaldo Dimas (Podemos), Paulo Mourão (PT), Laurez Moreira (PDT) e Wanderlei Barbosa (Republicanos). Este último, também oriundo do agronegócio do Tocantins, é o governador desde a renúncia de Carlesse.
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Foto: Washington Luiz/Governo do Tocantins