USP cria sistema de livre acesso a dados do efeito estufa na Amazônia

A plataforma poder ser usada pelos governos dos nove países da bacia amazônica

USP cria sistema de livre acesso a dados do efeito estufa na Amazônia

Ednilson Maciel, da Redação do BNC Amazonas

Publicado em: 21/03/2022 às 11:16 | Atualizado em: 21/03/2022 às 11:16

A Universidade de São Paulo (USP) criou um sistema de livre acesso a dados do efeito estufa na Amazônia.

Dessa forma, a plataforma está sendo desenvolvida no âmbito do Centro de Pesquisa para Inovação em Gases de Efeito Estufa (RCGI).

Segundo a Agência Brasil, a plataforma vai agregar variáveis que controlam o ciclo do carbono.

Desse modo, possibilitará análises e ajudar nos estudos do papel da região no clima global.

O coordenador do projeto, cientista Paulo Artaxo, informou que a ferramenta deve ficar pronta em até três anos.

No entanto, ao final deste ano, ele prevê que os primeiros dados já estejam disponíveis e que seja possível acompanhá-los.

Artaxo é professor do Instituto de Física da USP e um dos pesquisadores principais no RCGI. Conforme o coordenador, a plataforma poder ser usada pelos governos dos nove países da bacia amazônica.

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Análises

Sobre as análises que poderão ser feitas a partir do novo sistema, ele observa:

“Se a Amazônia já se tornou uma fonte de gases de efeito estufa para a atmosfera ou se ainda está absorvendo carbono. Essa informação nós ainda não temos.”

De acordo com o cientista, dois aspectos que terão destaque nessas análises são o papel da expansão agropecuária e o impacto das mudanças climáticas nas alterações dos processos fotossintéticos da floresta.

“Observamos que o aquecimento global e a mudança na precipitação na Amazônia estão afetando os processos que regulam a absorção e a emissão de gases de efeito estufa, fazendo com que a floresta possa estar começando a perder carbono para a atmosfera”, disse.

Em suma, para Artaxo, isso é preocupante porque a floresta tem cerca de 120 bilhões de toneladas de carbono no ecossistema

Ou seja, o que corresponde a dez anos de queima de todos os combustíveis fósseis do mundo.

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Apoio

Nesse sentido, o projeto tem o apoio de entidades como o Instituto de Pesquisas Amazônicas (Ipam), o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) e o MapBiomas.

Ambos trazem diversos dados geolocalizados sobre as emissões de gases e o desmatamento na região, além de possibilitar retroalimentar outros bancos de dados.

Apoio também do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o Instituto Nacional de Pesquisas na Amazônia (Inpa).

Assim como o programa Experimento de Larga Escala da Biosfera e Atmosfera da Amazônia (LBA), a torre Amazon Tall Tower Observatory (Atto), a Escola Politécnica e o Instituto de Física da USP são os coordenadores do projeto.

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Foto: Divulgação/RCGI