Plínio Valério reforça pensamento anti-meio ambiente de Bolsonaro
Em discurso no Senado, parlamentar do PSDB defendeu a instalação da CPI das ongs e acusou organização do Amazonas (FAS) de fazer terrorismo catastrófico contra a Amazônia

Antônio Paulo, do BNC Amazonas
Publicado em: 19/10/2022 às 15:45 | Atualizado em: 19/10/2022 às 15:45
O senador Plínio Valério (PSDB-AM) voltou a reforçar o pensamento anti-meio ambiente do presidente Bolsonaro.
Nesta terça-feira (18), o parlamentar amazonense mirou novamente sua artilharia de “discurso único” contra as organizações não governamentais da Amazônia.
Desta vez, a entidade de proteção ambiental escolhida foi a Fundação Amazonas Sustentável (FAS).
Em suma, Valério acusou a ong amazonense de pegar dinheiro do Fundo Amazônia e ainda disse que a FAS é “picareta”.
“Essa ong do Amazonas, uma das maiores beneficiadas com recursos milionários do Fundo Amazônia, colocou no seu site que as próximas epidemias podem começar na Amazônia.
E diz que é porque estão desmatando. E se desmatarem, vai acabar o mundo, vai sofrer, vai ter epidemia.
É a Fundação Amazonas Sustentável, a mesma ong que recebeu em dois anos R$ 50 milhões do Fundo da Amazônia para dois programas: o Bolsa Floresta (R$ 19 milhões), e o segundo, de R$ 31.518 milhões. Para fazer o quê?”, discursou o senador Plínio Valério.
Prestação de contas
Por conta disso, a direção da Fundação Amazonas Sustentável declarou que todos os recursos financeiros gerenciados pela instituição são auditados semestralmente pela pwc-Brasil, e disponíveis no website.
Diz ainda que, recentemente, a FAS teve sua 29ª aprovação, sem ressalvas, referente ao primeiro semestre de 2022, das demonstrações financeiras da organização.
“Adicionalmente, por ser uma fundação privada, a FAS também tem suas contas aprovadas pelo Ministério Público Estadual”,
Assim sendo, os relatórios aprovados também estão disponíveis em https://fas-amazonia.org/transparencia”, diz a nota de esclarecimento da FAS.
Previsões catastróficas
Da tribuna do Senado, o parlamentar classificou como falácias, lendas e previsões catastróficas as constatações científicas sobre a destruição da floresta.
“Outras pandemias, como a covid-19, podem começar na Amazônia se a destruição das florestas não for detida imediatamente.
Essa é mais uma das muitas lendas e previsões catastrofistas alardeadas por ongs que atuam na região em defesa de interesses estrangeiros”, discursou o senador tucano.
Tais previsões sem fundamento científico, segundo Plínio, tem o objetivo de travar o desenvolvimento da região.
Isso, na opinião do senador, faz com que se impeça a prosperidade dos milhões de pessoas que vivem à margem da pobreza na Amazônia.
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Savanização e terrorismo
Assim, o discurso contra as ongs de Plínio Valério, o mesmo desde que chegou ao Senado, em 2019, cita dois exemplos do que chama de “alarde”.
Um deles é a publicação da ong norte-americana Nature Climate Change. Ela garante que a Amazônia está perto de se tornar uma grande savana por conta da devastação da floresta.
Já a Fundação Amazonas Sustentável (FAS), na visão do senador tucano, faz terrorismo ao dizer que o planeta corre o risco de ser afetado por pragas e pandemias.
Isso deve ocorrer caso não se impeça o avanço de atividades econômicas na região.
Voto em Bolsonaro
Antes de tudo, o discurso tinha a intenção de “alertar” os brasileiros para que tomem conhecimento sobre o que se passa na Amazônia.
Assim como não acreditem no que chama de previsões catastrofistas, alardeadas por ongs “picaretas” na região.
“Vocês não podem acreditar nesses picaretas.
Vocês não podem acreditar que a Amazônia vai ser responsável pela próxima epidemia. Isso é irresponsabilidade.
Isso é de gente que está acostumada a pegar dinheiro e a ficar com o dinheiro, em nome da Amazônia”, declarou Plínio Valério.
Apoiador de Bolsonaro, a quem declarou voto no segundo turno, Plínio Valério age e pensa como o presidente da República principalmente quando se trata de meio ambiente.
O senador do Amazonas parece desconhecer os números anunciados mensalmente sobre os desmatamentos na região onde mora e representa.
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Presidente do Senado promete instalar CPI das ongs em 2022
CPI das ongs
De tal forma, Plínio aproveitou o discurso para pedir urgência na instalação da CPI das Ongs, de sua autoria.
De acordo com ele, a CPI é para investigar e combater o terrorismo que trava o desenvolvimento dos amazônidas.
Segundo o senador amazonense, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) prometeu instalar a Comissão Parlamentar de Inquérito agora em novembro.
Esclarecimentos
Diante das acusações de Plínio Valério, a Fundação Amazonas Sustentável emitiu nota de esclarecimentos principalmente sobre o projeto “Amazônia nas Eleições 2022”.
De tal modo, a FAS informa que a campanha do projeto, intitulada “Eu Voto na Amazônia Viva”, baseia-se em extenso e sólido conhecimento científico para apresentar à sociedade informações relevantes à proteção da Amazônia.
Por fim, o documento cita instituições científicas, como Inpa, Fiocruz e UFRGS que atestam os distúrbios causados pelo ser humano no meio ambiente podem levar a mudanças nos ecossistemas.
Leia aqui a nota de esclarecimento da FAS na íntegra.
Foto: Agência Senado