Encerrado o Festival Folclórico de Parintins, é necessário perguntar a dirigentes dos dois bumbás, Garantido e Caprichoso, se eles estão satisfeitos com o resultado da trama obscura forjada para moer reputações e disseminar ódio entre torcedores em bolhas das Redes Sociais Digitais (RDS).
Não há ano que pessoas convidadas para julgar os dois bumbás não sejam vilipendiadas, porque, simplesmente, aceitaram essa tarefa.
É a partir daí que a vida privada dos prováveis julgadores passa a ser estalqueada pelo submundo dos hackres.
O simples fato de um deles ter amizade com pessoas vinculadas a um dos bumbás pode o expô-lo como articulador (a) de provável fraude na escolha do campeão.
Explicação corrente em Parintins – isso desde os primeiros festivais – é que esse tipo de ação “faz parte do clima acirrado da disputa” entre as duas agremiações.
É até possível entender que o festival de bumbás atrai atenção de turistas porque é um fenômeno cultural midiático ocorrido em uma pequena cidade do interior da Amazônia.
Porém, é risível imaginar, pois se trata de puro provincialismo, que alguém, principalmente pessoas de currículos ilibados, vá colocar a sua influência em esquemas sinistros em troca de camisa ou ingresso no bumbódromo.
E mais: qual é a garantia de que determinado jurado vote em A ou B, simplesmente, por ser amigo ou conhecido de alguém dessa hipotética situação?
Burrice, má-fé
O problema é que seus gestores, os de ontem e os de hoje, ainda não entenderam, por burrice ou má-fé, que o festival é um evento que extrapola as beiradas da pequena ilha.
Neste ano, o meu nome foi citado, juntamente com o da minha filha, Dassuem , antropóloga e articulista da plataforma digital BNC Amazonas, em ilações que nos expuseram como pessoas que tentavam persuadir jurados a votar no boi-bumbá Garantido.
De antemão, pedimos desculpas aos amigo(a)s e conhecido(a)s que se propuseram a julgar a apresentação dos dois bumbás na arena.
É preciso esclarecer que, nascido na Baixa da Xanda, Dassuem, parintinense por afinidade e coração, somos professores universitários, pesquisadores e profissionais atuantes das Ciências Humanas no Brasil e no exterior.
A Dassuem, por sinal, tem artigos publicados em revistas internacionais.
Eu, no exercício da profissão de jornalista durante quarenta anos, atuei no Jornal do Commercio, em a Crítica, no Amazonas em Tempo, no Diário do Amazonas, no Amazonas; e na Folha de S. Paulo e Gazeta Mercantil, de São Paulo; e no Correio Braziliense, do DF.
Logo, é obvio que em nossos círculos de amizades também estão profissionais que atuam no mesmo campo que atuamos. E assim, fica fácil, para os fuçadores da Internet encontrarem uma foto, um texto, uma imagem ou um diálogo furtivo, descontextualizá-los, e criar uma falsa notícia que “faça parte da disputa acirrada do festival”.
O mais grave é que esses ataques à honra e à dignidade humana também passam pela aprovação ou silêncio de pessoas que se acham “esclarecidas”.
Outra questão a considerar é que, antes, os próprios bumbás assumiam esse tipo de safadeza, mas, a partir da pressão dos patrocinadores passaram a terceirizar o serviço sujo.
O subterfúgio os livra da punição dos patrocinados privados e estatais (nós, consumidores; nós, contribuintes). Afinal, qual empresa investe em meios enlameados?
Jogo sujo
Quem assume o serviço sujo são useiros e vezeiros postadores de fakes-news pagos com moedas vis. Essa gente não tem nada a perder, uma vez que não reconhece a dignidade humana como bem necessário e importante nas relações sociais e coletivas.
Essa gente também posa de esclarecida!
Como orienta a ética, não vou citar os nomes de suspeitos nem os das suas respectivas contas nas RDs. Esse trabalho é da alçada da Polícia e da Justiça. Acreditamos que serão investigados, denunciados e julgados como manda a Lei.
Minha intenção aqui não é defender a minha honradez nem a da minha filha. Fakes news nos nossos círculos de amizade e atuação profissional serão sempre identificadas como fake news .
Provincianismo
Essas linhas têm a finalidade de esclarecer aos torcedores dos bois-bumbás parintinenses, criações de famílias de negros, índios e quilombolas, que essas ações partem de gente com interesses escusos e provincianos. É gente que se apropriou desses brinquedos juninos e não honra os desejos de seus fundadores, que é o de alegrar, ao menos por alguns momentos, espíritos maltratados pela exclusão sociocultural.
A mão da Justiça alcançará os envolvidos nessa trama bovina que envergonha e desacredita o festival daqueles que verdadeiramente o realizam: a gente do povo.
Por enquanto, é só!
*O autor é jornalista, PhD em Ciências da Comunicação