Alberto Neto apoia Bolsonaro e vê politicagem na carta pela democracia

O documento é uma reação às ameaças do presidente da República ao sistema eleitoral brasileiro

03/08/2022 19:09

Iram Alfaia, do BNC Amazonas em Brasília

Amazonas tem um deputado 5 estrelas segundo o site Legisla Brasil

O vice-líder do governo na Câmara dos Deputados, Capitão Alberto Neto (PL), saiu em defesa do presidente Jair Bolsonaro (PL) ao criticar a “Carta às brasileiras e brasileiros em defesa do estado democrático de direito!”.

O documento, que será lido no próximo dia 11, em frente à Faculdade de Direito da USP, no largo São Francisco, em São Paulo, é uma reação às ameaças de Bolsonaro ao sistema eleitoral brasileiro e ataque às instituições democráticas.

“Ataques infundados e desacompanhados de provas questionam a lisura do processo eleitoral e o estado democrático de direito tão duramente conquistado pela sociedade brasileira”, diz um trecho do documento.

Bolsonaro disse que se trata de uma carta política e que não precisa falar se é democrata ou não.

O deputado amazonense também reagiu ao documento que, até está quarta-feira (3), tinha a assinatura de mais de 700 mil pessoas.

De acordo com o parlamentar, o presidente não está contra a democracia, mas a favor do “aperfeiçoamento eleitoral”.

“Essa carta aberta à democracia virou politicagem, muitos banqueiros assinando. A gente sabe que nunca esses banqueiros tiveram tanto lucro como no governo do PT. E no governo Bolsonaro foi criado o pix, que retirou 40 bilhões [de reais] desse sistema financeiro”, afirmou o liberal.

Questionado pelo BNC Amazonas se o ataque ao sistema eleitoral não é uma atitude antidemocrática, o deputado disse que a intenção dele é outra.

“Muito pelo contrário, o presidente defende o aperfeiçoamento do processo eleitoral. E o aperfeiçoamento do processo eleitoral é a defesa da democracia. O presidente briga por transparência”, disse o deputado.

“Nós estamos sabendo que a tecnologia evolui a cada momento e nós queremos aperfeiçoar o nosso sistema. Era uma bandeira que o presidente já defendia quando era deputado federal, quando virou presidente continuou defendendo”.

A carta, contudo, rebate:

“Nossas eleições com o processo eletrônico de apuração têm servido de exemplo no mundo. Tivemos várias alternâncias de poder com respeito aos resultados das urnas e transição republicana de governo. As urnas eletrônicas revelaram-se seguras e confiáveis, assim como a Justiça eleitoral”.

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Adesão

Ao contrário de Alberto Neto, o deputado Marcelo Ramos (PSD) vem fazendo campanha nas redes sociais para que as pessoas assinem o documento.

Ambos os deputados são de primeiro mandato federal e candidatos à reeleição.

Ex-vice-presidente da Câmara, Ramos disse que a luta pela democracia “não é uma luta de democratas de esquerda”.

“É uma luta de democratas de centro e de direita, de democratas liberais e conservadores. Fora da democracia todos os democratas perdem o direito de disputar opinião”.

Pix

Bolsonaro também tem sido criticado por desqualificar o apoio de banqueiros ao documento.

“Você pode ver, esse negócio de carta aos brasileiros, à democracia, os banqueiros estão patrocinando. É o pix que eu dei a paulada neles, os bancos digitais também que nós facilitamos”, disse o presidente a apoiadores.

De acordo com o Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Banco Central, o conceito que gerou o pix começou a ser desenvolvido ainda em 2016, mas ele foi sendo implantado a partir de 2018, ou seja, no governo de Michel Temer (MDB).

Foto: Câmara dos Deputados