No primeiro ato formal, 15 horas depois de ter sido eleito governador do Amazonas, Amazonino Mendes atacou o interino David Almeida e no Tribunal de Contas do Estado (TCE) pediu que a corte bloqueie os gastos do atual gestor.
Amazonino disse que David Almeida, que assumiu o cargo com a queda do governador José Melo, em 4 de maio, no mandato transitório, tem um comportamento incompatível com a interinidade.
Em seu entendimento, David está tomando decisões que podem engessar o futuro governador.
Ele declarou isso numa passagem de pouco mais de meia hora no TCE nesta segunda-feira, dia 28, onde reuniu com os conselheiros e formalizou o pedido de suspensões de licitações e outros atos de conta do governador David Almeida.
Amazonino chegou ao TCE às 9h acompanhado do vice, Bosco Saraiva (PSDB), de auxiliares mais próximos como o ex-secretário Francisco Deodato e deputados estaduais entre os quais Wanderley Dallas (PMDB), partido do senador Eduardo Braga, que perdeu a eleição ontem.
Ouvido pelo BNC sobre o pedido feito por Amazonino, o presidente do TCE, Ari Moutinho Junior, disse que iria se acautelar em se manifestar sobre o assunto mas garantiu que amanhã, terça-feira, dia 29, o caso será julgado pela corte.
A seguir, o trecho transcrito em que Amazonino refere-se diretamente ao governador interino David Almeida.
O Estado, de há muito, atingiu o limite prudencial.
Foram feitos muitos pagamentos voluntários, ou seja, pagamentos que não são essenciais, inapropriados, fundamentais, básicos [como] pagamentos de precatórios.
Então pedi um gesto desta corte para sobrestar este comportamento, nos dar uma certa tranquilidade.
Ao mesmo tempo, a própria corte decidiu também recomendar ao atual governo que promovesse uma comissão de transição de verdade, pra valer, técnica, qualificada, e não uma de faz-de-conta, nomeando terceiros ao bel prazer.
Foi uma reunião, a meu ver, extremamente proveitosa, já começamos a trabalhar. Eu e o Bosco
E quero agradecer aqui, a participação de alguns deputados que vieram voluntariamente oferecer solidariedade, manifestando também suas preocupações com relação a esse comportamento da interinidade do governo.
(…) Se a posse fosse daqui a uma semana, dez dias, nós não teríamos tanta preocupação com o comportamento da interinidade do governo.
Mas a posse ficou algo intangível.
O governador interino agiu de forma equivocada (no processo político). Ele tinha que ser um magistrado, esperando a soberania popular definir quem deveria governar o Estado. Ele é um governador circunstancial. É um governador por força da vacância inesperada pela cassação do titular.
É grave a situação, repito. Ele até poderia praticar esses atos desde que o Estado não tivesse numa situação pré-falimentar.
Não dá também pra que ele fique fazendo licitações e promovendo ações de repercussão de longo prazo, em outro governo, ele que é interino, então isso é visivelmente incompatível.
Assista a passagem de Amazonino pelo TCE, transmitida ao vivo pelo BNC.
Foto: Clóvis Miranda/ TCE-AM
David diz que Amazonino não conhece os números e anuncia ida ao TCE