Durante encontro com a prefeita de Boa Vista, Teresa Surita (RR), o prefeito Arthur Virgílio Neto (PSDB) cobrou do governo federal um plano de emergência para evitar que imigrantes venezuelanos passem por mais necessidades no Brasil.
Arthur recebeu nesta quarta-feira, dia 18, a prefeita que compartilhou a dificuldade em encontrar soluções para administrar a alta demanda populacional na cidade, considerada um dos principais pontos de entrada dos estrangeiros no norte do país.
Para o prefeito de Manaus, os imigrantes são bem recebidos, porém as cidades precisam da ajuda federal para poder administrar a estada e dar condições dignas de vida aos venezuelanos.
“A gente faz o possível, a gente tem solidariedade, mas precisamos de muita ajuda federal, precisamos da presença do Exército e de um plano que realmente seja posto em prática para poder interiorizar em outros Estados parte dessas pessoas que vieram para Roraima e para o Amazonas. Esperamos menos inércia e mais ação por parte dos governantes”, destacou Arthur.
A cidade de Boa Vista registra em média, por dia, a entrada de 800 pessoas pela fronteira com a Venezuela. Um número que, segundo a prefeita Surita, sobrecarrega atendimentos básicos em escolas, unidades básicas de saúde e em hospitais.
“Em três dias, são 2,4 mil pessoas a mais na cidade e o que nós temos, para dividir com um aumento desses, se torna praticamente inviável. Temos em Boa Vista 6,5 mil pessoas em 11 abrigos, mas temos outras 3,5 mil pessoas vivendo nas ruas. Essa superlotação na nossa cidade faz com que Manaus comece a receber sempre mais essas pessoas”, relatou a prefeita.
Os prefeitos destacaram a importância da operação Acolhida, coordenada pelo Exército, porém não é uma ação de controle imediato em relação à realidade vivida no dia a dia com os imigrantes.
“A operação Acolhida é fundamental, mas a imigração é uma situação que o Brasil não sabe lidar, precisa ter mais efetividade do governo federal, pois é uma responsabilidade deles que acaba recaindo em cima dos municípios, por conta da situação e do isolamento que a gente vive aqui na Amazônia”, defendeu Surita.
Defesa da Amazônia
O prefeito também saiu em defesa dos trabalhos realizados pelas Organizações Não Governamentais (OGNs).
“O fato é que nós temos um grande patrimônio. Não se discute soberania nacional, a soberania é brasileira e não deve ser maltratada pelo Brasil. Temos que acabar com o preconceito com o terceiro setor, temos que perceber que as ONGs podem fazer muita coisa útil, que os governos fariam com mais lentidão. Dá para trabalhar de forma complementar, sem preconceito e com o dever de alertar o presidente, o governo federal, sobre os riscos que a Amazônia corre”, disse.
A união das cidades amazônicas foi um dos assuntos abordados durante o 1° Fórum de Cidades Amazônicas, que aconteceu no início de setembro em Manaus, e foi destacada pela prefeita Teresa Surita como forma de chamar a atenção, mais do que nunca, para a preservação da região.
“Nós vivemos na mesma região, com os mesmos problemas, e ultimamente nós temos aparecido em nível mundial com as queimadas e com a situação da imigração venezuelana. Por isso, quis trocar ideias com o prefeito Arthur Virgílio sobre a questão da nossa região. Nós precisamos nos fortalecer, precisamos buscar caminhos para poder apresentar soluções”, finalizou Teresa Surita.
Leia mais
Foto: Mário Oliveira / Semcom