No Senado, Aziz sai em defesa de ministra da Saúde contra bolsonaristas

Ministra destaca desafios e ações na saúde, incluindo questões indígenas e combate à dengue.

Iram Alfaia , do BNC Amazonas em Brasília

Publicado em: 16/04/2024 às 18:12 | Atualizado em: 16/04/2024 às 21:46

O senador Omar Aziz (PSD) protagonizou mais um embate com os senadores bolsonaristas durante audiência nesta terça-feira (16/4), na Comissão de Assuntos Sociais do Senado, com a ministra da Saúde, Nísia Trindade.

Depois de sua exposição, a ministra começou a ser cobrada pela obrigação da vacina da covid-19 em crianças, cadernetas de vacinação infantil e “por mais ação e menos política”.

Os ataques partiram dos senadores bolsonaristas Rogerio Marinho (PL-RN), Eduardo Girão (Novo-CE) e Damares Alves (Republicanos-DF).

Todos levaram pito de Aziz:

 “Eu queria ver esse discurso enfático, mas bem enfático mesmo, quando o Pazuello [Eduardo] e o Queiroga [Marcelo] eram ministros da Saúde. Isso quando mais de quatro mil pessoas morriam por dia na pandemia [covid]”.

Aziz lembrou que alguns parlamentares que fazem as críticas eram ministros do governo negacionista de Bolsonaro.

“Minha solidariedade à sua pessoa e ao cargo que a senhora está exercendo momentaneamente. A senhora tem uma história na ciência e essa história não será apagada”, disse o senador.

A ministra respondeu aos ataques dizendo que estava baseada em fatos quando disse que encontrou a pasta toda desestruturada em decorrência do descaso do governo anterior.

Ela diz que mais de 4 mil equipes da saúde da família não possuíam médicos e não havia estoque de vacinas essenciais. “Nós recompusemos tudo”.

“Além do desemprego e da desestruturação do Ministério da Saúde, que não contava com áreas fundamentais como é o caso da área de saúde mental, tão afetada durante a pandemia, o Brasil voltou ao mapa da fome”, disse Nísia.

O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), saiu em auxílio à ministra relatando números.

De acordo com ele, o fundamental era comparar o financiamento ao Sistema Único da Saúde (SUS), ou seja, a transferência que os estados e municípios recebem do Fundo Nacional de Saúde (FNS).

“Em 2022 o repasse foi de R$ 60,39 bilhõe e, em 2023, a transferência chegou a R$ 72,36 bilhões, um crescimento de 20%. Todos os municípios, independente da sigla partidária do prefeito, tiveram aumento de repasse de 17%”, destacou Randolfe.

Ianomâmis

Na sua exposição, a ministra destacou que a questão Ianomâmi, que foi a primeira crise sanitária enfrentada pelo governo.

“Eu propus, logo na primeira reunião ministerial no ano passado, a emergência sanitária para que pudéssemos lidar com essa questão. O diagnóstico era de grave situação desse povo que precisa retomar seu modo de vida, porque sem a retomada era impossível pensar na recuperação da saúde. Trabalhamos em diversas frentes”.

Entre as ações no território indígena, a ministra destacou a reabertura de seis a sete polos-bases que havia sido fechados para promover assistência a 5 mil pessoas e 75 aldeias; novos tratamentos com tafenoquina para malária; criação do centro de recuperação nutricional; mais de 400 crianças recuperadas com desnutrição grave ou moderada; mais profissionais de saúde no território de (53%); remoção de 3.407 pacientes; 4,7 milhões de medicamentos e insumos; e 3,9 mil pacientes com alta.

Dengue

A ministra apresentou outros dados de combate à dengue.

 Em 2023 foi implantada a sala nacional de arboviroses; abastecimento de estoques de inseticidas; painel de monitoramento; campanha contra dengue, zika e chikungunya; R$ 256 milhões para estruturação de estados e municípios; e qualificação de profissionais de saúde.

Neste ano, a ministra destacou os informes semanais e diários; incorporação da vacina; implantação do centro de operações em emergências; ampliação em R$ 1,5 bilhão para estados e municípios; e dia D de combate à dengue em todo o país.

Programas

Nísia também destacou o Mais Médicos e Brasil Sorridente.

Neste último programa, eram 385 novas equipes por ano (2019-2022), que saltou para 2.771 novas equipes no ano passado.

No caso do Mais Médicos houve um aumento de 85% dos profissionais. Em 2022, eram 13.726 profissionais. No ano passado, 25.421 médicos.

Metas

A ministra ainda apresentou algumas metas até o final do governo como mais de 1 milhão de cirurgias por ano e reduzir o tempo de espera nas filas para exames e consultas.

Além disso, a prioridade será a reconstrução da saúde da família com mais equipes, ampliação de horários nas UBS e o modelo que volta a valorizar a visita em casa. A perspectiva é aumentar a cobertura em 80%.

Foto: Pedro França/Agência Senado