O presidente da CPI da covid, Omar Aziz (PSD-AM), afirmou nesta quarta-feira (05) que a declaração mais recente do presidente Jair Bolsonaro sobre a covid-19 “vai piorar” a obtenção, pelo Brasil, de insumos contra a doença.
Mais cedo, nesta quarta, ao discursar em um evento, Bolsonaro disse que “ninguém sabe” a origem do vírus da covid, mencionou o termo “guerra química” e indagou: “Será que não estamos enfrentando uma nova guerra?”.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), é “extremamente improvável” que o vírus tenha atingido humanos após incidente em laboratório.
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“É um vírus novo, ninguém sabe se nasceu em laboratório ou nasceu por algum ser humano ingerir um animal inadequado. Mas está aí. Os militares sabem o que é guerra química, bacteriológica e radiológica. Será que não estamos enfrentando uma nova guerra? Qual o país que mais cresceu o seu PIB? Não vou dizer para vocês”, afirmou Bolsonaro no evento.
Durante a sessão da CPI da Covid desta quarta, na qual foi ouvido o ex-ministro da Saúde Nelson Teich, Omar Aziz se dirigiu ao líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), e disse: “Hoje foi um dia ruim, viu, Fernando?”.
“Eu acho que essa situação nossa em relação a ter insumos vai piorar com essa declaração hoje [quarta-feira]”, acrescentou o presidente da CPI.
“Ele [Bolsonaro] chama de guerra química, e tal. Nós estamos nas mãos do chineses para trazer o Insumo Farmacêutico Ativo (IFA). Nós não temos produção de IFA aqui. E nem vamos ter tão cedo. A gente depende da Índia para alguns insumos. Depende da China para outros insumos. Não é momento de a gente cutucar ninguém”, concluiu Aziz.
Em nota, o presidente da Frente Parlamentar Brasil-China, deputado Fausto Pinato (PP-SP), afirmou que Bolsonaro é uma pessoa “irresponsável, desequilibrada e sem noção de mundo”, capaz de “confundir realidade com ficção”.
‘Qual país cresceu mais?’
Esta não foi a primeira vez que integrantes da ala ideológica do governo Bolsonaro fazem ataques diretos ou indiretos à China, em meio a pandemia.
Ex-ministros e o próprio filho do presidente Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) já se posicionaram nesse sentido.
Nesta quarta-feira, na cerimônia no Palácio do Planalto, Bolsonaro não citou diretamente a China. Em um momento, questionou aos presentes qual foi o país que mais cresceu durante a pandemia.
Bolsonaro na CPI
Também nesta quarta, o presidente comentou a atuação da CPI da covid. Segundo Bolsonaro, os senadores enviaram um documento pedindo que ele informe onde esteve nos últimos 50 fins de semana.
O estado de calamidade pública no Brasil devido à pandemia foi decretado em março do ano passado. Apesar disso, há diversos registros de passeios feitos pelo presidente Jair Bolsonaro por Brasília. Nas ocasiões, Bolsonaro provocou aglomerações e minimizou a gravidade da crise sanitária.
“Não interessa onde eu estava. Respeito a CPI. Estive no meio do povo, tenho que dar exemplo. É fácil para mim ficar dentro do Palácio da Alvorada, tem tudo lá”, disse Bolsonaro nesta quarta.
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Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil