Bancada do AM vota em peso para derrubar veto de Bolsonaro

Derrubada do veto ampliou a renda per capta familiar para receber o Benefício de Prestação Continuada

Isolamento Bancada

Por Iram Alfaia, de Brasília

Publicado em: 13/03/2020 às 07:37 | Atualizado em: 13/03/2020 às 07:37

Dos onze parlamentares do Amazonas, nove votaram pela derrubada do veto (VET 55/2019) do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), ao projeto que ampliou a renda per capta familiar para receber o Benefício de Prestação Continuada (BPC).

O BPC paga um salário mínimo para idosos e deficientes pobres do país. Agora, a renda per capta familiar para ter direito ao BPC subiu de um quarto de salário mínimo (R$ 261,25) para meio salário (R$ 522,50).

O governo alega que a medida vai gerar um déficit de R$ 20 bilhões e coloca em desequilíbrios as contas.

O veto foi derrubado por 45 votos de senadores e 302 de deputados. Da bancada amazonense, somente votaram sim, ou seja, pela manutenção do veto, os deputados Átila Lins (PP) e Marcelo Ramos (PL).

 

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Ramos chegou a encaminhar o voto pela derrubada do veto: “Nós entendemos que o momento que o país vive exige políticas de transferência de renda, que estimulem o consumo, que nos ajudem a sair dessa crise. Portanto, o bloco encaminha não. Não ao veto!”,

Mais tarde, por conta de um pedido feito pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o seu partido mudou de orientação.

“Houve uma mudança de orientação do partido por pedido do presidente Rodrigo. Eu sempre voto com o partido”, justificou.

 

PSD foi contra

O senador Omar Aziz (PSD) foi um dos mais fervorosos defensores da derrubada do veto de Bolsonaro.
“É inadmissível representantes de todas as categorias do povo brasileiro que se encontram nesta Casa quererem discutir uma matéria dessa do ponto de vista econômico e não do ponto de vista social”, afirmou o senador.

Ele criticou os senadores defensores do veto que alegavam o problema de déficit na conta do governo.

“Admira-me muito alguém que se elege senador da República, por isso que estou falando pelo Senado, e chega aqui com um discurso de déficit. Deficientes do Brasil sempre foram relegados, desrespeitados e nunca tiveram seus direitos respeitados”, discursou.

Omar lembrou que quando foi governador trabalhou na assistência ao deficiente e conhece a realidade.

“Você, quando vai a fundo e vê uma mãe ter que carregar um jovem deficiente com 18, 19, 20 anos nas costas, ir para a fila dum ônibus para levá-lo para fazer uma fisioterapia, aí você vê o que é sofrimento”, disse.

 

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Por causa de situações como essas, o senador disse que não dá para acreditar estejam falando de déficit.

“Nenhuma pessoa em sã consciência neste país, seja de direita, de esquerda, de centro, pode querer atribuir aos deficientes brasileiros o déficit que o governo tem hoje. Até porque essa matéria, senhor presidente, foi votada pelo Senado e pela Câmara”, lembrou.

Na Câmara, o deputado Sidney Leite (PSD), também encaminhou pela derrubada do veto de Bolsonaro.

“Quando a gente fala do programa do benefício da prestação continuada, nós estamos falando de pessoas e de famílias que estão fora de programas, que estão fora de oportunidades de trabalho, de emprego e de renda. Nós estamos falando de pessoas que são deficientes físicos e que precisam da nossa intervenção”, afirmou.

 

Como votou a bancada

Sim pela manutenção do veto
Não pela derrubada

Voto dos senadores

Eduardo Braga (MDB) – Não
Omar Aziz (PSD) – Não
Plínio Valério (PSDB) –  Não

Voto deputados federais

Átila Lins (PP) – Sim
Bosco Saraiva (Solidariedade)  – Não
Capitão Alberto (PRB) – Não
Delegado Pablo (PSL) –  Não
José Ricardo (PT) – Não
Marcelo Ramos (PL) –  Sim
Sidney Leite (PSD)  – Não
Silas Câmara  (Republicanos) –  Não