Diante da passagem de dois ministros da Saúde, em 28 dias, o BNC AMAZONAS perguntou aos membros da bancada do Amazonas, no Congresso Nacional, qual a opinião deles sobre essas mudanças no ministério.
Questionou ainda se esse troca-troca não dificulta as ações de combate à pandemia de coronavírus. Isso porque a doença já infectou mais de 200 mil pessoas e matou mais de 14 mil brasileiros.
Seis dos 11 membros da bancada amazonense, formada por 8 deputados federais e 3 senadores, responderam aos questionamentos.
Marcelo Ramos
Na opinião do deputado federal Marcelo Ramos (PL-AM), diante das imposições do presidente da República, só aceitará ser ministro da Saúde quem não tiver compromisso com a ciência e nem com medicina.
E, para Marcelo, o pedido de demissão do ministro Nélson Teich demonstrou que ele tem esse compromisso.
Bosco Saraiva
O deputado Bosco Saraiva (Solidariedade-AM) lamentou a instabilidade política em meio à pandemia. Segundo ele, a troca de mais um ministro da saúde, em um prazo tão curto, foram só 28 dias, não traz nenhuma vantagem para as ações de combate à Covid 19 no Brasil.
Átila Lins
Avesso a comentários políticos controversos e aliado de primeira hora do presidente Bolsonaro, o deputado Átila Lins (PP-AM) fez a seguinte declaração:
“Não sei os motivos que levaram o ministro Teich a pedir exoneração. Mesmo reconhecendo que esses cargos são de livre escolha do presidente da República, não deixa de ser preocupante essa troca de ministro da Saúde em plena pandemia, quando o Brasil ainda está meio sem rumo no combate ao Covid-19”.
Átila acrescenta que essa instabilidade prejudica as ações de combate à pandemia, mesmo sabendo da competência do general Eduardo Pazuello.
O general, que atuou até pouco tempo no Comando Militar da Amazônia (CMA), em Manaus, é o secretário executivo do Ministério da Saúde.
Com a saída de Nélson Teich, Pazuello assume interinamente o MS. Há boatos nos bastidores políticos que ele é cotado a permanecer no cargo.
José Ricardo
Único integrante da bancada amazonense a fazer oposição ao governo Bolsonaro, o deputado federal José Ricardo (PT-AM) diz estar preocupado com a mudança no Ministério da Saúde.
O parlamentar lembra que Nélson Teich estava a menos de um mês no cargo, quando pediu demissão.
“Isso demonstra que o governo federal está perdido e não tem ações efetivas para combater a pandemia de Covid-19 no Brasil. Já são mais de 14 mil mortes no país. No Amazonas, mais de 1.200 mortes ocorreram até o momento”, contextualiza o deputado petista.
De acordo com José Ricardo, a doença chegou ao interior do estado e nos territórios indígenas. Por isso, faz-se necessário que o governo federal tenha ações efetivas para ajudar os estados e municípios e também os povos indígenas.
“Bolsonaro está muito lento. Precisa ser mais ágil nas ações para conter a doença e seus impactos. Precisamos salvar vidas e não ficar nessa trapalhada de troca-troca de ministros. Tudo isso é uma grande irresponsabilidade desse presidente e desse governo”, critica o parlamentar.
Eduardo Braga
Sem fazer crítica direta ao presidente da República, já que tem conversado amiúde com o chefe do Poder Executivo, o senador Eduardo Braga (MDB-AM) afirma que a saída do ministro Nélson Teich, a menos de um mês no cargo, eleva ainda mais a temperatura da crise na saúde.
Conforme o senador, o Brasil precisa de uma condução responsável e equilibrada em meio à pandemia.
“Esperamos que a escolha do futuro ministro seja orientada por critérios técnicos e que o Ministério da Saúde siga alinhado com a ciência para que possamos reduzir ao máximo o impacto dessa calamidade”, diz Braga.
Plínio Valério
Para o senador Plínio Valério (PSDB-AM), aliado ora aqui ora ali do presidente Bolsonaro, essas mudanças, após algum desentendimento, faz lembrar o presidente do time de futebol ameaçado de rebaixamento.
“Trocar ministros da saúde, em plena pandemia (leia-se tempestade), não vai fazer parar a ventania. A tempestade continua”, opina metaforicamente Plínio Valério.
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