Bolsonaro xinga Moraes por prorrogar inquérito das milícias digitais

O novo prazo de três meses começou a ser contado a partir de 6 de julho. Ou seja: o inquérito ainda estará aberto no dia da eleição, em 2 de outubro

Diamantino Junior

Publicado em: 13/07/2022 às 19:24 | Atualizado em: 13/07/2022 às 19:25

O histórico da aversão que Bolsonaro nutre pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes ganhou um novo capítulo.

O presidente ficou enfurecido com a decisão de Moraes de prorrogar por mais 90 dias o inquérito que investiga as milícias digitais bolsonaristas, sob suspeita de atuar contra a democracia e o Estado Democrático de Direito.

Bolsonaro considera-se “perseguido” por Moraes.

Enxergou a novidade como uma ameaça de “prisão” contra ele e seus simpatizantes. Em privado, o presidente desafiou o ministro a mandar prendê-lo: “Vai ter coragem?” Repetiu o xingamento que dedicara a Moraes em 7 de Setembro do ano passado: “Canalha”.

No despacho que determina a prorrogação, Moraes alegou que há “diligências em andamento.” É a terceira vez que o inquérito é prorrogado neste ano.

O novo prazo de três meses começou a ser contado a partir de 6 de julho. Ou seja: o inquérito ainda estará aberto no dia da eleição, em 2 de outubro.

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Há no processo esticado por Moraes um relatório radioativo da Polícia Federal. Coisa de fevereiro. Nele, a delegada Denisse Ribeiro informou a Moraes ter reunido indícios de ação orquestrada de bolsonaristas para propagar desinformação e atacar instituições.

O grupo é tratado no texto como uma “organização criminosa”. O próprio Bolsonaro é investigado por difundir inverdades sobre urnas e vacinas.

A prorrogação ordenada por Moraes surge a 80 dias da eleição presidencial, num instante em que Bolsonaro prepara manifestações para o feriado de 7 de Setembro.

Coincide também com o anúncio de uma reunião de Bolsonaro com embaixadores estrangeiros para expor hipotéticas fragilidades do sistema eleitoral.

Em outubro do ano passado, Moraes declarou que “irão para a cadeia” os membros de milícias eletrônicas que ousarem repetir em 2022 a propagação de desinformação que marcou a sucessão de 2018.

A partir de agosto, o desafeto de Bolsonaro acumulará a relatoria do inquérito no Supremo com a presidência do Tribunal Superior Eleitoral.

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Foto: Nelson Jr/SCO/STF