Bolsonaro corta 35% da verba para financiamento estudantil

"O que estamos vivendo hoje é uma interrupção no processo de uma lenta e progressiva inclusão no ensino superior", disse diretora da FVG

Fies Social financia até 100% de mensalidade para estudantes de baixa renda

Ednilson Maciel, da Redação do BNC Amazonas

Publicado em: 03/02/2022 às 10:03 | Atualizado em: 03/02/2022 às 10:03

O presidente Jair Bolsonaro cortou 35% da verba para Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). Conforme o Orçamento da União que ele sancionou na semana passada.

Com isso, em comparação ao ano passado, de R$ 8,48 bilhões, caiu para R$ 5,53 bilhões, em 2022.

Nesse sentido, ao prever esse montante para 2022, o governo federal já considera que parte das 111 mil vagas neste ano não serão preenchidas.

Isso seguindo um padrão que já vem de anos anteriores.

Além disso, outro aspecto é que, como a participação no programa tem minguado ao longo do tempo, o total de alunos no Fies tem diminuído.

Por conseguinte, consequentemente, o montante necessário para custeá-lo.

Segundo o FNDE “por causa do período de pandemia, houve impacto financeiro nas famílias, ensejando na redução da procura pelo programa do Fies”.

Além disso, “os contratos em utilização estão sendo encerrados numa maior quantidade, comparados com novas adesões”.

Por exemplo, entre as razões que se atribui para a ociosidade de vagas, é que as regras vigentes desde 2015 não garantirem financiamento de 100%.

Como resultado, sem ele, os estudantes acabam desistindo da faculdade porque não dispõem de recursos suficientes para bancar o restante das mensalidades.

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Contexto mais amplo

Em suma, para a diretora do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais (CEIPE) da Fundação Getulio Vargas (FGV), Claudia Costin, a redução nos recursos do Fies faz parte de um contexto mais amplo.

“É muito triste. O que estamos vivendo hoje é uma interrupção no processo de uma lenta e progressiva inclusão no ensino superior. E a pandemia e a crise econômica têm um papel nisso, mas também tem a má gestão na resposta educacional à covid que o governo federal apresentou, avalia Costin.

Ela pondera que, enquanto outros países aumentaram os recursos para minimizar os efeitos da pandemia na educação, o Brasil, que já enfrenta um contexto fiscal difícil e possui grande desigualdade social, agravada pela covid, diminuiu os recursos.

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Foto: Divulgação/Agência Brasil