Iram Alfaia , de Brasília
O presidente da República, Jair Bolsonaro, defende como solução a exploração da Amazônia com recursos dos Estados Unidos.
No mês passado, o governo fortaleceu essa parceria ao assinar um acordo com Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid) a fim de explorar produtos florestais por empresas privadas na região.
Sobre a questão indígena, Bolsonaro é radicalmente contra a demarcação de terras e defendeu a exploração mineral nas áreas.
Ao lado de índios, o presidente fez na quarta-feira, dia 17, uma live (transmissão ao vivo pela internet) defendendo a exploração mineral na reserva ianomami onde há “bilhões ou trilhões de dólares” debaixo da terra.
Essa postura de Bolsonaro desagrada diversos setores, mas ao menos no meio político local encontra respaldo. É o caso do senador Plínio Valério (PSDB), que fez elogios às posições do presidente sobre a região.
“O presidente pensa como a gente pensa com relação à Amazônia”, disse o senador amazonense ao sair da reunião da bancada com Bolsonaro no Palácio do Planalto, na terça-feira, dia 16.
Ele trocou algumas ideias como o presidente sobre o assunto e saiu contente.
“Não demarcar mais terras indígenas, tem mais de 400 e ele não vai assinar mais nenhumas, e explorar nossas riquezas naturais em parcerias com o exterior. Ele fala nos EUA e eu falo unicamente não os EUA. Então essa coincidência de pensamento sobre Amazônia foi legal”, afirmou o senador ao BNC.
Discordâncias
Para o deputado federal Marcelo Ramos, vice-líder do PR na Câmara dos Deputados, há um “equívoco primário” nas posições do presidente e do senador.
“É um equívoco de não compreender o mundo de hoje. Se você não respeitar os direitos indígenas e a preservação da floresta, o que se produzir na Amazônia ninguém vai comprar”, considerou deputado.
Segundo ele, ninguém no mundo vai comprar madeira e minério explorado em terras indígenas. “Nós precisamos entender as regras do mundo de hoje, ninguém negocia com quem degrada o meio ambiente”.
Na sua opinião, o discurso adotado pelo presidente é coerente com a lógica do governo Bolsonaro, mas que não se sustenta na realidade.
Ele compara com a ideia da mudança da embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém. “É coerente com a lógica do discurso dele, mas quando confronta com a realidade é insustentável”, diz
O deputado federal José Ricardo (PT) diz que as ideias de explorar a Amazônia com recursos estrangeiros não soa bem como solução, sobretudo pela cobiça.
No caso da questão indígena e exploração mineral, o deputado defende um debate com a sociedade. “Não podemos passar por cima dos direitos dos povos indígenas”, afirmou.
“O Brasil tem uma tradição de respeitar os povos indígenas, tentar conseguir legislações que amparem os seus direitos, embora na outra ponta você tenha a expansão do agronegócio e de atividades ilegais sempre agredindo, invadindo de forma irregular as terras indígenas”, disse.
Outra preocupação do parlamentar é com os impactos ambientais. “Na região amazônica os cientistas falam que os impactos da exploração (dos recursos naturais) são maiores por causa das características do solo, clima, planície e os grandes rios”, finalizou.
Foto: Pedro França/Agência Senado