Por Iram Alfaia, de Brasília
Coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista da Câmara dos Deputados, Nilto Tatto (PT-SP), diz que o presidente Jair Bolsonaro está fazendo “vista grossa” sobre os ataques à base de Proteção Etnoambiental Ituí-Itacoaí da Fundação Nacional do Índio (Funai), na Terra Indígena Vale do Javari, no oeste do Amazonas.
“Ataques a povos indígenas não são novidade no Brasil, o que é novidade é que sejam estimulados pelo governo Federal. Ondas de ataques, como as que estamos vendo agora, vem se intensificando, enquanto Bolsonaro faz vista grossa”, criticou o parlamentar.
“Tomamos conhecimento que os servidores da Funai que atuam diretamente na proteção dos índios isolados e dos Korubo recém contatados decidiram não mais irem a campo e trabalhar nas Bases de Proteção, no interior da Terra Indígena, enquanto não houver a presença contínua de forças de segurança do Estado com eles”, denunciou a Coordenação da Organização Indígena Unijava, em nome dos povos Marubo, Mayoruna (Matsés), Matis, Kanamary, Kulina-Pano, Korubo e Tsohom-Djapá.
Em nota, a entidade diz que isso implica claramente a paralisação e destruição dessas unidades de proteção que, apesar de todas as dificuldades, executam um trabalho fundamental para a manutenção da integridade e paz da Terra Indígena Vale do Javari.
“Nesse contexto, estaria ‘aberta a temporada de caça aos índios isolados’ do Vale do Javari, inclusive por missionários”, diz a nota.
Segundo relatos, na primeira semana deste mês a base teria sido atacada duas vezes por ações de pescadores e caçadores armados que entraram no local sem autorização.
A Unijava considerou um alento aos povos indígenas a decisão no último dia 7 deste mês, da juíza federal Jaiza Maria Pinto Fraxe, determinando o imediato apoio operacional das forças de segurança do Estado (Polícia Federal, Polícia Militar, Exército Brasileiro e Força Nacional) na Base Ituí junto aos servidores da Funai.
A entidade comemorou a decisão após tanta insistência em denunciar o “descaso com que essa questão vem sendo tratada, sobretudo pela cúpula ruralista que comanda a FUNAI em Brasília-DF.”
Eles também cobram da Polícia Federal (PF) que prenda os autores e mandantes do assassinato do colaborador da Funai, Maxciel Pereira, ocorrido no último mês de setembro.
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