Por meio de carta, o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), o vice Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e o relator Renan Calheiros (MDB-AL) solicitaram, nesta quinta-feira (8), ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) que ele desminta o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF).
A iniciativa é uma resposta dos senadores a mais um ataque de Bolsonaro à direção da CPI. Num encontro com apoiadores, no cercadinho do Palácio do Alvorada, Bolsonaro negou corrupção no Ministério da Saúde e voltou a atacar a cúpula da CPI.
“Só na cabeça de um cara que desvia do seu estado 260 milhões, como o Omar Aziz desviou, é que pode falar isso aí. Só um cara que tem 17 inquéritos por corrupção e lavagem de dinheiro no Supremo, como o Renan Calheiros, faz”, afirmou o presidente.
No depoimento à CPI, no último dia 25, o deputado federal e o seu irmão Luis Ricardo Fernandes Miranda, servidor do Ministério da Saúde, disseram que levaram a Bolsonaro denúncias de corrupção na compra da vacina indiana Covaxin pelo Ministério da Saúde.
No encontro, ocorrido no Palácio da Alvorada, às 16 horas, no dia 20 de março, Bolsonaro teria se comprometido a acionar o delegado-geral da Polícia Federal (PF) e, ainda, disse que o “rolo era coisa do Ricardo Barros.”
Na carta, os senadores destacaram dois trechos da fala do deputado na CPI: “O Presidente entendeu a gravidade. Olhando os meus olhos, ele falou: ‘Isso é grave!’. Vou acionar o DG da Polícia Federal, porque, de fato, Luis, isso é muito grave.”
Posteriormente, descrevem os senadores, o deputado declarou à CPI: “Foi o Ricardo Barros que o presidente falou. Foi o nome Ricardo Barros.”
Urgência
“Solicitamos, em caráter de urgência, diante da gravidade das imputações feitas a uma figura central desta administração, que Vossa Excelência desminta ou confirme o teor das declarações do deputado Luís Miranda”, provocaram os senadores na carta.
Destacaram ainda que nesta quinta-feira faz 13 dias que o presidente não falou sobre o caso. Por isso, tomaram a iniciativa de cobrá-lo.
“Somente Vossa Excelência pode retirar o peso terrível desta suspeição tão grave dos ombros deste experimentado político, o deputado Ricardo Barros , o qual serve seu governo em uma função proeminente”, dizem.
Para eles, o silêncio do presidente cria uma situação “duplamente perturbadora”: contribui para a execração do seu líder na Câmara e, ao não desmentir, impede que sejam tomadas medidas disciplinares com o deputado Miranda.
Leia mais
Os senadores lembram que no caso de desmentir e, na hipótese de não haver provas, torna claro que se trata apenas um conflito de versões. “Ademais, em havendo tal conflito, será permitido à sociedade que tenha o direito de saber a verdade sobre os fatos.”
Por fim, os parlamentares “rogam” ao presidente que “posicione, de maneira clara, cristalina, republicana e institucional, inspirando-se no Salmo tantas vezes citado em suas declarações em jornadas pelo País: Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.”
Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado