Colégio militar no país é para filho de militar, e nem precisa de concurso

Pedido do presidente da República para que o comandante do Exército dê uma vaga para sua filha em colégio militar revelou privilégios

Colégio Militar Manaus

Aguinaldo Rodrigues, da Redação do BNC Amazonas

Publicado em: 04/09/2021 às 09:30 | Atualizado em: 04/09/2021 às 09:58

O exemplo que deu o presidente da República, que quer vaga para uma filha no Colégio Militar de Brasília sem passar por processo seletivo, desnudou como é que funciona o acesso a uma vaga nessas escolas, mantidas pelo dinheiro público.

Conforme revela o portal Metrópoles, hoje, a quatro cada vagas, só uma fica para estudante que não é parente de militar. Com um detalhe: só por concurso.

Para os demais, basta que o comandante do Exército queira que ele vire aluno de colégio, primeiro passo para uma carreira que pode levá-lo a esse posto.

Até mesmo o Colégio Militar de Manaus, sede do Comando Militar da Amazônia (CMA) e de vários quartéis, segue essa tendência.

Para alguns, trata-se de “privilégio absurdo”.

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Pública, mas para um público

Além disso, um cálculo rápido revela que o recurso público passado a esses colégios por aluno é, por baixo, 363% maior que aquele que vai para as escolas dos “mortais”, via Fundeb (fundo da educação).

Especialista em educação atribui esse abismo a um dos fatores que, portanto, reforçam a propaganda de militarização de escolas. Não há dúvida que, dessa maneira, o ensino nos colégios militarizados tende a ter melhor qualidade que na pública.

“A escola pública deveria pertencer a todos e não apenas a um público”, afirmou a especialista.

Foto: Divulgação/Colégio Militar de Manaus