Contas do governo tĂªm rombo histĂ³rico e dĂvida pĂºblica passa de 90%
Com o resultado primĂ¡rio de setembro, a DĂvida Bruta do Governo Geral (DBGG) tambĂ©m renovou recorde e superou a marca dos 90% do PIB em setembro

Publicado em: 30/10/2020 Ă s 12:13 | Atualizado em: 30/10/2020 Ă s 23:43
O setor pĂºblico consolidado registrou um buraco fiscal de R$ 64,559 bilhões em setembro.
O valor Ă© o maior rombo da sĂ©rie histĂ³rica, iniciada em 2001, para meses de setembro.
O resultado tambĂ©m Ă© pior que o registrado no mesmo mĂªs de 2019.
Na época o déficit foi de R$ 20,541 bi.
A DĂvida Bruta do Governo Geral (DBGG) tambĂ©m renovou recorde.
Ela superou a marca dos 90% do PIB em setembro.
Esse Ă© o maior valor da sĂ©rie histĂ³rica, iniciada em 2006. Em agosto o percentual era de 88,8%.
Os dados foram divulgados pelo Banco Central nesta sexta-feira (30).
O resultado do setor pĂºblico consolidado inclui as contas do governo federal, dos governos regionais e das estatais federais.
O dĂ©ficit primĂ¡rio nĂ£o inclui as despesas com juros.
Mostra que o valor arrecadado no mĂªs passado nĂ£o foi suficiente para cobrir as despesas.
Apenas as contas do governo central (Tesouro Nacional, PrevidĂªncia Social e Banco Central) registraram dĂ©ficit de R$ 75,148 bilhões no mĂªs passado.
Por outro lado,  em setembro,  as contas das empresas estatais e dos governos estaduais  e municipais ficaram positivas em R$ 628 milhões e R$ 9,966 bilhões, respectivamente.
Acumulado do ano
De janeiro a setembro, o romboo fiscal jĂ¡ alcançou R$ 635,926 bilhões.
AlĂ©m de ser o pior resultado da sĂ©rie histĂ³rica, o nĂºmero Ă© bem superior ao registrado no mesmo perĂodo do ano passado, quando o dĂ©ficit era de R$ 42,491 bi.
O dĂ©ficit nominal das contas pĂºblicas, que inclui os valores gastos com juros, alcançou R$ 103,419 bilhões em setembro.
No acumulado do ano, o valor sobe para R$ 888,522 bilhões, equivalente a 16,7% do Produto Interno Bruto (PIB).
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Por incluir as despesas com juros, o resultado nominal sofre impacto direto das atuações do Banco Central na polĂtica monetĂ¡ria e cambial, como contratos de swap cambial e reduĂ§Ă£o da taxa bĂ¡sica de juros, Selic, que estĂ¡ na mĂnima histĂ³rica de 2% ao ano.
Sozinhos, os gastos pĂºblicos com juros somaram R$ 38,860 bilhões em setembro. A mesma despesa jĂ¡ totaliza R$ 252,596 bilhões no ano.
Com o aumento dos gastos pĂºblicos por conta do combate ao vĂrus e a possibilidade de prorrogaĂ§Ă£o de alguns programas emergenciais, a equipe econĂ´mica espera que o dĂ©ficit primĂ¡rio do setor pĂºblico seja de R$ 895,8 bilhões este ano.
Em 2019, as contas do setor pĂºblico consolidado tiveram o sexto ano consecutivo de dĂ©ficit primĂ¡rio, negativo em R$ 61,87 bilhões, equivalente a 0,85% do PIB.
DĂvida supera os 90%Â
Em setembro, o saldo da DBGG saltou de R$ 6,389 trilhões para R$ 6,533 tri, valor equivalente a 90,6% do PIB.
O indicador serve como referĂªncia para as agĂªncias de classificaĂ§Ă£o de risco, que define a atratividade de investimentos dos paĂses. No ano passado, a DBGG encerrou em R$ 5,50 trilhões.
Por conta do aumento dos gastos pĂºblicos, que consequentemente vĂ£o elevar o endividamento pĂºblico, a equipe econĂ´mica estima que a DBGG/PIB deve alcançar os 94% em 2020, dependendo do desempenho da atividade econĂ´mica.
Em dezembro de 2019, o indicador estava em 75,8% do PIB.
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Foto: Marcello Casal Jr/Abr