Após a realização da COP-28 em Dubai e a apenas dois anos de um evento de magnitude semelhante, o governo brasileiro já está empenhado nos preparativos para a COP-30. Um decreto, emitido em junho pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), estabeleceu o Conselho Nacional para a 30ª Conferência, com autoridades como a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), celebrando a oficialização da escolha do Brasil nas redes sociais.
Os preparativos, que envolverão toda a Esplanada e o governo do Pará, não incluem, até o momento, a participação do Ministério da Defesa e das Forças Armadas.
Isso tem gerado preocupação entre militares experientes em organizar grandes eventos, como os Jogos Olímpicos e a Copa do Mundo na década passada.
A exclusão das Forças Armadas desde o início é considerada arriscada por esses oficiais.
Procurado, o Ministério da Casa Civil, responsável por responder sobre o assunto, não se pronunciou.
Os militares destacam que, ao contrário da Olimpíada no Rio de Janeiro, que contava com uma estrutura consolidada para receber turistas, Belém é uma capital menor, situada no Norte do País, com acesso principalmente pela via aérea, além de uma única estrada (a Belém-Brasília).
Apesar dos investimentos previstos na rede hoteleira, atualmente existem apenas 5.712 quartos de hotel em Belém, conforme dados da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis no Pará (ABIH-PA), chegando a aproximadamente 12 mil quando somados hostels e leitos em áreas mais distantes.
Até o momento, 14 chefes de Estado foram convidados para a Cúpula da Amazônia.
O ponto do decreto que mais preocupa os militares é o que autoriza a deliberação sobre os procedimentos necessários para a preparação da “infraestrutura e da logística da COP-30”.
Os oficiais argumentam que as Forças Armadas têm as capacidades necessárias para auxiliar nesses pontos, incluindo a organização da área de defesa e segurança, especialmente diante da necessidade de tropas especializadas em combate ao terrorismo, guerra química e bacteriológica, entre outras áreas altamente especializadas.
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Até o momento, o Conselho Nacional é composto pelos titulares da Casa Civil da Presidência da República, responsável pela coordenação; Ministério das Cidades; Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima; Ministério do Planejamento e Orçamento; e Ministério das Relações Exteriores.
De acordo com o decreto, eles terão o papel de promover a interlocução com os órgãos e entidades federais, estaduais, distritais e municipais, além da sociedade civil, para a preparação do Brasil para a COP-30, aprovar o plano de atividades, deliberar sobre procedimentos necessários e estabelecer a estrutura de governança e deliberação para a preparação e acompanhamento do evento.
Assim como ocorreu em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, espera-se que o evento dure cerca de duas semanas, desempenhando um papel crucial na ação global contra as mudanças climáticas.
Além dos chefes de Estado e de Governo, está prevista a participação de diplomatas de 200 países, contando ainda com Organizações Não Governamentais (ONGs) e outras entidades, totalizando aproximadamente 70 mil participantes em Belém durante o período da COP-30.
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Foto: Ricardo Stuckert/PR