Coronel do CMA confessa: redigiu trama contra Moraes no quartel
Militar da ativa revelou ao STF que redigiu plano golpista dentro da 6ª Divisão do Exército, em Porto Alegre.

Da Redação do BNC Amazonas
Publicado em: 28/07/2025 às 20:22 | Atualizado em: 28/07/2025 às 20:22
Hélio Ferreira Lima, tenente-coronel que comandou os “kids pretos” (tropa especial do Exército) no Comando Militar da Amazônia (CMA), em Manaus, no Amazonas, fez neste dia 28 de julho uma confissão que confirma montagem do golpe contra a eleição do presidente Lula da Silva em 2022.
O militar da ativa disse em depoimento ao STF que usou uma unidade do Exército para redigir parte da trama do golpe de Estado. Segundo o coronel, foi a 6ª Divisão do Exército, em Porto Alegre (RS).
Nesse caso, o documento previa a prisão de ministros da suprema corte, entre eles, Alexandre de Moraes.
Em sua confissão, Hélio Lima declarou que sua missão era a de pensar em cenários de utilização do Exército caso fosse identificada uma fraude nas eleições presidenciais de 2022.
“Se amanhã sair um relatório ou um pronunciamento falando ‘atenção, teve fraude sim’, eu não posso deixar meu comandante ser surpreendido. Eu tenho que ter alguma coisa para que a gente comece a discutir com o estado-maior [da força militar]”.
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O documento em questão foi encontrado com o oficial em um dos pen-drives apreendidos com o oficial durante buscas da Polícia Federal.
O arquivo se chamava “Desenho Op Luneta”. O objetivo do plano era “restabelecer a lei e a ordem por meio da retomada da legalidade e da segurança jurídica e da estabilidade institucional”.
O documento falava em “neutralizar a capacidade de atuação do Min AM”, em referência a Alexandre de Moraes.
Ele falava ainda em “realizar a prisão preventiva dos juízes supremos considerados geradores de instabilidade”.
Conforme o plano Luneta, o oficial pensou na criação de gabinetes de crise central e nos estados e apoio na realização de novas eleições presidenciais.
Em seu depoimento, o oficial que serviu em Manaus critica a Procuradoria-Geral da República (PGR). Segundo ele, era função dele na estrutura de inteligência do Exército avaliar cenários e pensar em soluções.
“Se não considerar a premissa básica [de identificação de fraude], não tem como a pessoa entender que estou falando em mandado de prisão, mandados coercitivos”, disse.
Em outra fala, ele se defende dizendo que não despachou o documento com seus superiores.
Hélio Lima acrescentou que abandonou o plano e passou a ter outros focos após ordens do chefe da área de inteligência do Exército no Rio Grande do Sul.
No entanto, a denúncia da PGR diz que o documento deixa “claro que as diversas frentes de atuação da organização foram fruto de planejamento prévio, que antecipavam desde os ataques ao processo eleitoral até a concretização do golpe de Estado”.
Foto: divulgação