Crise do oxigênio em Manaus deve ganhar mais força no relatório da CPI

Senadores do Amazonas julgam ter recebido pouca atenção no documento, além de não responsabilizar nenhum agente local

CPI da covid pode não ser extinta após o fim dos trabalhos

Diamantino Junior

Publicado em: 21/10/2021 às 12:10 | Atualizado em: 21/10/2021 às 20:08

relatório final da CPI da covid ainda apresenta pontos criticados por membros do grupo majoritário. Por isso, o texto deve passar por mudanças até a votação.

Uma das questões a ser resolvida ainda envolve a crise de Manaus, que os senadores do Amazonas julgam ter recebido pouca atenção no documento, além de não responsabilizar nenhum agente local.

O relatório final deve propor também novos indiciamentos, segundo senadores do grupo majoritário.

Leia mais

Relator tira termo “genocídio” do relatório final da CPI da covid

Devem ser incluídos na lista o reverendo Amilton Gomes de Paula, presidente da Senah (Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários); o secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégico do Ministério da Saúde, Hélio Angotti Neto; e a servidora Regina Célia Silva de Oliveira, a fiscal de contrato na pasta na compra da vacina indiana Covaxin.

O relator da CPI da covid, senador Renan Calheiros (MDB-AL), apresentou nesta quarta-feira (20), o documento final do colegiado. A previsão é que a votação seja realizada na próxima terça-feira (26).

Renan propôs o indiciamento do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e de mais 65 pessoas por ações e omissões na pandemia. Duas empresas também poderão ser responsabilizadas, se as recomendações forem aceitas.

No entanto, ainda durante a sessão, o senador Eduardo Braga (MDB-AM) criticou que nenhum agente do Amazonas foi incluído entre os passíveis de responsabilização.

A capital do estado sofreu durante a segunda onda da pandemia, no início deste ano, que resultou no colapso do sistema de saúde. Houve desabastecimento de oxigênio e pacientes morreram asfixiados.

“É inaceitável que o relatório final não peça a punição de nenhum dos responsáveis pelo caos vivido no estado do Amazonas”, afirmou Braga durante a sessão desta quarta.

“Nosso estado foi transformado em um verdadeiro campo de testes, com experimentos com remédios ineficazes, falta de oxigênio, de leitos de internação e até de covas para enterrar os nossos conterrâneos”, disse o senador.

Segundo ele, “não há nenhuma dúvida” de que houve uma série de crimes. De acordo com Braga, criminosos precisam ser punidos. “Por isso, o Amazonas continua se sentindo injustiçado”, afirmou.

O assunto já havia sido objeto de discussão acalorada durante jantar na casa do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), na noite anterior à apresentação do relatório. Braga defende a responsabilização do governador Wilson Lima (PSC).

Senadores do grupo majoritário sugerem uma solução intermediária, na qual os nomes de Lima e do ex-secretário de Saúde Marcellus Campêlo sejam mencionados no relatório e que haja um aumento na referência aos eventos ocorridos no Amazonas.

No entanto, para eles, não se deve propor o indiciamento do governador e do ex-gestor. Os congressistas dizem que a medida seria inócua, uma vez que os dois já são réus em processos. Campêlo, que prestou depoimento na comissão, chegou a ser preso.

Leia mais na Folha

Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado