O governador David Almeida (PSD) reagiu nesta segunda, dia 31, com críticas pessoais e à gestão do prefeito de Manaus, Arthur Neto (PSDB), sobre carta que este enviou ao ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), neste final de semana.
Nessa mensagem, Arthur aponta que David vem “usando levianamente” o nome do ministro para antecipar que no dia 3 de agosto ele vai suspender de novo as eleições diretas no Amazonas.
O prefeito aponta o “governador tampão” como o líder do movimento pelas eleições indiretas, que “vive a fixação de se manter no poder a qualquer preço”, e que desperdiça seus dias “batendo perna em caríssimos escritórios de advocacia de Brasília”.
David estaria espalhando que “está tudo certo para o dia 3 e o cancelamento das eleições diretas”.
Na resposta a Arthur, David disse que não leu a carta, mas que não quer brigar com o prefeito. E o provocou:
“Vou responder a carta dele às 4 horas da tarde, que é a hora que ele acorda para trabalhar. Eu acordo 4 da manhã e não tenho tempo para brigar”, afirmou.
Confira o áudio da entrevista do governador à imprensa, em inauguração de obra na Fundação Hospital Adriano Jorge, em Manaus:
Leia a carta postada por Arthur em sua página no Facebook neste domingo:
Carta do prefeito de Manaus Arthur Virgílio Neto ao ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal, alardeando sobre a instabilidade instalada no Amazonas com o uso irresponsável do nome do eminente magistrado acerca das Eleições suplementares para governador.
Prezado ministro Ricardo Lewandowski,
O deputado David Almeida, presidente da Assembleia Legislativa e governador tampão, usa levianamente o seu nome, “antecipando” aos quatro ventos que, no dia 3 próximo, o senhor tornaria a suspender as eleições diretas para governador, marcadas para o dia 6 deste mês. Círculos próximos ao interino envolvem um certo dr. Gustavo, advogado da causa inglória de trocar o voto popular pela opinião de 24 deputados. Estamos às portas de uma eleição. A justiça eleitoral já despendeu vultosos recursos para fazer face à complicada logística do meu Estado. Os candidatos pararam suas vidas, fizeram gastos, contrataram profissionais e serviços vários. O povo entenderia como afronta impedi-lo de escolher. A Assembleia é obviamente necessária à democracia… porém, mais obviamente ainda, sua legitimidade não é maior que a do poder original e primeiro, que está no título de eleitor e na urna. A democracia tem permitido que venham à luz as aberrações que temos presenciado. A ditadura escondia, pela força, os crimes e as negociatas que se praticavam contra a nação. Logo, voto popular, sim; “colégio eleitoral, não”.
O Amazonas vive o caos que lhe legou a prática organizada da corrupção. E o governador tampão apenas tem contribuído para agravar esse quadro lamentável. Vive a fixação de se manter no poder a qualquer preço, esquecendo-se de que o destino lhe reservara a missão nobre de dar início ao processo de normalização de um estado que sangra dolorosamente. Seus dias são desperdiçados batendo perna em caríssimos escritórios de advocacia de Brasília. Seus dias são perdidos, inclusive, quando difama um ministro do STF, que sempre respeitei e estimei, apregoando que “está tudo certo para o dia 3 e o cancelamento das eleições diretas”.
Escrevo-lhe, caro ministro, convicto de que agi acertadamente ao recebê-lo em meu gabinete de senador e em articular votos que o guindaram à mais elevada corte deste país. Não aceito vê-lo arrastado, tenho certeza de que inocentemente!, à convivência promíscua com negocistas da baixa política, seja diretamente, seja por meio de intermediações de cor cinza. Conte com minha solidariedade nesse campo, porque, repito!, jamais poderia acreditar na boataria, certamente sem crédito, espalhada por figuras despidas de qualquer eiva de credibilidade.
Tentei falar-lhe ao telefone inúmeras vezes, assim como lhe deixei mensagens via SMS e WhatsApp. Como não obtive retorno, recorri a este meio para lhe passar o clima de angústia e incerteza que aflige os brasileiros que dedicam suas vidas ao Amazonas.
Muito cordialmente,
Arthur Virgílio Neto
Manaus, 30 de julho de 2017
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Foto: BNC