Político que já havia pendurado as chuteiras desde que deixou o cargo de prefeito de Manaus em dezembro de 2012, o governador Amazonino Mendes (PDT) encerra 2017 – ano que começou aposentado – olhando, ativo, para 2018 com a possibilidade de escrever um feito inédito na República: tornar-se o primeiro brasileiro a governar por cinco vezes uma unidade federativa.
Esse raciocínio lógico começa com a complexa decisão de romper com a promessa que fez aos aliados de primeira ordem, Omar Aziz (PSD) e Arthur Neto (PSDB), na eleição suplementar deste ano, de ficar no cargo apenas para “arrumar a casa” em um mandato tampão de pouco mais de um ano.
O simples fato de estar na chefia do Executivo estadual lhe garante condições de liderar as articulações eleitorais que, em 2017, na eleição suplementar, em grande parte, ficaram a cargo de seus aliados.
O posto de governador dá a Amazonino visibilidade, mobilidade e poder para alterar cenários, como fez no sul do Amazonas, entre novembro e dezembro.
Nessa região, ele deixou claro como pode usar a máquina para fortalecer o seu governo e matar serpentes no ninho.
Na primeira metade deste mês, Amazonino se deslocou para os municípios de Manicoré e Humaitá para anunciar obras e liberação de atividades garimpeiras na calha do rio Madeira.
Coincidentemente, essas ações políticas ocorreram depois que o presidente da Assembleia Legislativa (ALE-AM), David Almeida (PSD), passou por essa mesma região lá e se mostrou como pré-candidato a governador do estado em 2018.
Além do poder do cargo, Amazonino também ainda conta com o contexto desfavorável ao principal e potencial nome dentro de seu arco de alianças, o senador Omar Aziz, que planeja disputar o governo em 2018, mas que só tomará tal decisão, segundo ele próprio, depois que a citação de seu nome na operação Lava Jato for devidamente esclarecida e provada sua inocência.
O senador Eduardo Braga (PMDB), que poderia ser seu adversário no ano que vem, foi abatido por Amazonino com mais de um ano de antecedência das eleições gerais e o próprio parlamentar já não fala mais em disputar o cargo.
Nome também de expressão na política, o prefeito Arthur Neto afirmou que seria eleito governador “com facilidade” em 2018, mas que não tem interesse no cargo. Suas atenções estão voltadas para as eleições presidenciais do país.
Nesse caso, para Amazonino, seu principal adversário seria o desconhecido “nome novo”, que figura em pesquisas no desejo do eleitor que já demostrou tal vontade de mudança desde o pleito suplementar, em agosto último, quando mais da metade do eleitorado do estado deixou de ir às urnas, anulou ou votou em branco.
Leia mais
“Se tem uma coisa que não quero ser é governador”, avisa Arthur
Amazonino entrega licenças ambientais e anuncia obras no Sul do Amazonas
Fotomontagem: imagens de divulgação/Secom