Iram Alfaia , de Brasília
Sem mostrar documentos ou fatos que comprovem que não cometeu irregularidades no uso da verba da cota de gabinete, o deputado Delegado Pablo Oliva (PSL) culpou adversários do Amazonas e os ameaçou.
Foi logo após o jornal O Estado de São Paulo publicar seu envolvimento na contratação de empresa fantasma com verba pública da Câmara dos Deputados.
Em discurso nesta terça-feira, dia 5, Pablo disse que, com a aproximação das eleições no Amazonas, representantes da “velha política” não estão contentes com a renovação.
O parlamentar não citou nomes, mas mandou um recado:
“Eu vou explicar para essas pessoas que, de onde eu vim, da instituição de onde vim, eu tenho é costume de prender gente de colarinho branco, bandido político”, discursou, referindo-se ao cargo que exerceu de delegado da Polícia Federal.
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Colega privilegiado
Delegado Pablo falou de forma genérica sobre a denúncia de que, supostamente, pagou R$ 100 mil de verbas públicas por consultoria para seu colega de partido, o secretário-geral do PSL-AM, Igor Menezes, em uma empresa que não foi encontrada no endereço.
Ele ainda teria usado mais R$ 28 mil para pagar advogado particular, o que é proibido pelo regimento da Câmara dos Deputados.
Segundo a denúncia publicada no jornal paulista, o parlamentar contratou três escritórios diferentes com dinheiro da cota parlamentar, sendo um deles o escritório de Roque Lane Wilkens, que também advoga em uma ação particular para Pablo no Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas (TRE-AM).
“Eu não costumo comentar mentiras, não costumo comentar fatos que fogem da verdade. Mas, como é necessário rechaçar esse tipo de prática, eu ocupo esta tribuna hoje para dizer que, primeiro, a empresa que contratei existe, desempenha o seu trabalho com lisura, tem dezenas de clientes na minha cidade e não trabalha com esse tipo de prática”.
Segundo ele, quem tenta “manchar sua imagem” não sabe que os gastos são todos públicos e fiscalizados pela Câmara.
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Delegado Pablo é acusado de usar empresa fantasma
“Calúnia da imprensa”
Acrescentou que foi alvo de denúncias caluniosas obre o uso de empresas fantasmas para contratação, divulgação e marketing da sua atividade parlamentar.
“E a população sabe distinguir quem é sério, quem é malandro, quem é vagabundo. Não vão me confundir. Não adianta pagar site, blog, página da internet, jornalzinho de fundo de quintal, para falar mal de quem tem trabalho. Eu tenho história no combate à corrupção, e isso ninguém vai manchar. Ninguém vai levar a honra de um homem e o respeito à sua família, que são o maior patrimônio”, afirmou.
Quem fez a denúncia, em primeira mão, do mau uso do dinheiro público pelo Delegado Pablo Oliva foi o Estadão, em matéria exclusiva. Os demais veículos apenas repercutiram.
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A mesada mensal
Cada deputado amazonense tem direito a R$ 43 mil mensais para gastos, por exemplo, com passagens, correios e consultorias. Esses gastos estão fora da verba de gabinete, de R$ 111,6 mil a cada mês para pagamento de salários dos funcionários particulares do parlamentar.
Foto: BNC Amazonas