Deputado acusa Bolsonaro de querer PF do Rio protegendo sua família
Deputado do Amazonas afirma que Bolsonaro agiu para interferir na nomeação do superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro

Aguinaldo Rodrigues
Publicado em: 13/05/2020 às 18:57 | Atualizado em: 13/05/2020 às 18:57
Único oposicionista da bancada do Amazonas a Bolsonaro, José Ricardo afirmou que ele agiu sim por nome de confiança na Polícia Federal do Rio. De acordo com o deputado federal do PT, o presidente da República queria a PF do Rio de Janeiro para proteger sua família.
Por ora sob sigilo, o vídeo da reunião de Bolsonaro com seus ministros em 22 de abril deve revelar o presidente exigindo troca na superintendência carioca. E teria feito isso alegando suposta perseguição à sua família.
“Não vou esperar foder alguém da minha família”, teria dito Bolsonaro, conforme fontes que assistiram ao vídeo neste dia 12. A gravação da reunião faz parte do inquérito do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre interferência política do presidente na PF.
“Com certeza, se houver uma investigação rigorosa, a PF vai encontrar todos eles envolvidos com milícias e outras séries de crimes. Portanto, o interesse é ter alguém lá que o proteja porque esse homem e seus filhos vão parar na cadeia”, disse Ricardo ao BNC Amazonas.
Segundo o petista, Bolsonaro “está acabando com o país por não coordenar ações de combate à pandemia do coronavírus”.
“Bolsonaro diz que setenta por cento da população vão se contaminar. É um inconsequente. A saúde pública está em colapso”.
Dessa maneira, o deputado lembrou que as previsões do presidente apontam para uma catástrofe.
“No Amazonas, se isso acontecer, pode causar a morte de 140 mil pessoas. Precisamos manter o isolamento social. Salvando vidas, salvamos a economia e a dignidade humana”.
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Denúncias de Moro
As denúncias sobre suposta interferência política de Bolsonaro na PF foram apresentadas pelo ex-ministro da Justiça Sérgio Moro. E fez enquanto estava no cargo, momentos antes de pedir demissão.
Posteriormente, Bolsonaro negou que sua fala na reunião tenha relação com a troca de superintendente da Polícia Federal.
Conforme ele, fazia referência à segurança da sua família e dos amigos, função que não é da Polícia Federal, e sim do GSI (Gabinete de Segurança Institucional).
De acordo com a mídia, a Polícia Federal no Rio teria material importante das investigações sobre as atividades de Fabrício Queiroz. Este, portanto, é acusado de comandar esquema de “rachadinha” no gabinete de um dos filhos de Bolsonaro.
Como resultado, o ministro Celso de Mello, responsável pelo inquérito no STF, pode tornar público o conteúdo do vídeo. Ou pelo menos autorização revelação de parte da gravação da reunião.
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