Deputados acabam em um mês com economia feita na pandemia

Parlamentares batem recorde de gastos em mês de Congresso esvaziado. Eles acabaram com a economia do dinheiro público obtida na pandemia

Deputados rejeitam auxílio de R$ 600 além do final do ano de eleição

Diamantino Junior

Publicado em: 21/08/2022 às 14:29 | Atualizado em: 21/08/2022 às 16:55

Em dezembro de 2020, Brasília abrigou duas ações contraditórias no manejo das verbas públicas.

No mesmo momento em que o Executivo deixava de pagar a primeira leva do Auxílio Emergencial criado na pandemia da Covid-19 em nome do equilíbrio das contas públicas, a Câmara dos Deputados patrocinava um gasto recorde da cota distribuída aos parlamentares para custeio de suas atividades legislativas.

Em um mês de Congresso esvaziado, com apenas três semanas de trabalho formal e ainda afetado pelo distanciamento social, deputados federais ganharam reembolso de R$ 26 milhões, 95% a mais do que a média verificada nos 11 meses anteriores (R$ 13,4 milhões), um recorde.

Mais da metade do total do dinheiro foi usado sob a justificativa de “divulgação da atividade parlamentar” e contratação de consultorias e pesquisas, mostram os dados coletados e organizados pela Folha por meio do site de transparência da Câmara.

Leia mais

Cotão de R$ 33 mil de vereadores vai ao STF para ser derrubado 

A explosão dos gastos coincidiu com a chegada do prazo limite para o desembolso, já que todo o dinheiro reservado para a cota de 2020 que não fosse usado até 31 de dezembro daquele ano voltaria para os cofres públicos.

Havia um estoque considerável de dinheiro economizado, tendo em vista que em vários meses do ano não foi necessário gasto semanal com passagens aéreas de ida e volta dos deputados a Brasília – as sessões foram realizadas de forma virtual – nem com combustível, já que as viagens nos estados também praticamente cessaram no período mais crítico da pandemia.

O gasto nominal da cota em dezembro de 2020 foi o segundo maior da história da CEAP (Cota para o Exercício da Atividade Parlamentar), instituída em 2009.

A cota tem o objetivo de reembolsar os parlamentares por gastos com passagens aéreas, alimentação, combustível, aluguel de escritório, propaganda (chamada de “divulgação do mandato”), consultoria, entre outros.

Leia mais na Folha

Foto: divulgação