Medidas de distanciamento determinadas pelo Governo do Estado, como restrição ao comércio, serviço e transporte não essenciais, podem ter salvado 2.500 pessoas em Manaus.
Isso é o que aponta pesquisa realizada pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam) sobre o coronavírus (covid-19) na capital.
Além disso, o estudo aponta o isolamento social, uso de máscaras. Bem como melhoria no sistema de saúde como responsáveis pelas mortes evitadas.
O estudo “Curva epidemiológica da covid-19 em Manaus” foi solicitado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas (Fapeam). Este, portanto, teve colaboração de professores das universidades federais de Minas Gerais (UFMG). Assim como de São João Del Rey (UFSJ-MG).
Conforme divulgado hoje, dia 18, a pesquisa usou duas metodologias.
Metodologias
A primeira levou em conta o número de casos confirmados pelo governo. A segunda analisou números de óbitos e sepultamentos realizados na capital.
Ambas obtiveram resultados parecidos, e as conclusões foram apresentadas ao Governo do Estado, por meio de comitê de crise.
Segundo Alexander Steinmetz, do Departamento de Matemática da Ufam, a pesquisa leva em conta a taxa de letalidade em relação à estimativa de pessoas infectadas (0,75%) e o tempo médio entre a exposição ao vírus e o óbito (18 dias).
Os pesquisadores estimaram em cerca de 85 mil o número total de infecções ativas pelo novo coronavírus, em Manaus, até o dia 11 de maio deste ano.
“A queda de óbitos recente, essa pequena luz no fim do túnel na primeira metade de maio, a gente acha que se deve em partes ao distanciamento social, fechamento do comércio, escolas, igreja e tudo que causa aglomerações”, afirmou Steinmetz.
Atualmente, a taxa de isolamento social em Manaus é de apenas 40%. Ainda que relativamente pequena, o pesquisador assinala que o cenário poderia ser muito pior. Sobretudo se não tivessem sido adotadas medidas de restrição.
“A gente viu 1.500 óbitos a mais em abril do que o normal. Se a gente não tivesse tomado as medidas, poderia ter visto facilmente ainda mais 2.500 óbitos em abril”.
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Risco de grave repiquete
Desde a confirmação do primeiro caso de covid-19 no Amazonas, no dia 13 de março, e após o primeiro pico da doença, os números de óbitos e internações diminuíram.
Em uma simulação feita pela pesquisa, caso se mantenha a taxa de isolamento de 40%, Manaus deve ter uma estimativa de 60 mil infectados até o dia 31 de maio deste ano, com tendência de diminuição lenta de infecções.
A taxa ideal para uma rápida diminuição no número de casos é de 60%.
Por outro lado, segundo os pesquisadores, o afrouxamento das medidas pode levar a um segundo pico da doença, com ainda mais internações e mortes.
“A gente tem um número alto de infectados neste momento, em torno de 85 mil indivíduos. São muitas pessoas portadoras da doença em Manaus nesse momento, e a gente tem baixo número de indivíduos recuperados, então a gente tá muito longe de alguma esperança de imunidade de rebanho”, afirmou Steinmetz.
“Temos uma possibilidade real de novo pico de infectados e óbitos em junho se a gente afrouxar qualquer coisa nesse momento”.
Foto: BNC Amazonas
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