Entidades cobram resposta ao massacre de indígenas pela PM no Amazonas

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Antônio Paulo, do BNC Amazonas em Brasília

Publicado em: 10/08/2022 às 08:45 | Atualizado em: 10/08/2022 às 17:43

No Dia Internacional dos Povos Indígenas, celebrado neste 9 de agosto, um coletivo de 37 organizações da sociedade civil voltou a cobrar das autoridades do Amazonas providências com relação ao massacre de indígenas e ribeirinhos dos rios Abacaxi e Marimari.

Passados dois anos, os assassinatos ocorreram na região do bairro rio Madeira, entre os municípios amazonenses de Nova Olinda do Norte e Borba.

Entidades como a Frente Amazônica de Mobilização em Defesa dos Direitos Indígenas e o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) afirmam que a situação continua crítica e são urgentes as medidas de reparação e de proteção dessas comunidades, frente às intimidações e agressões que continuam acontecendo.

O conflito iniciou-se em 2020, após uma tentativa de invasão de pescadores esportivos, dentre eles um ex-gestor do Fundo de Promoção Social do estado do Amazonas, em plena pandemia de coronavírus (covid).

Com a primeira operação da Polícia Militar, depois que dois policias morreram e outros dois foram feridos, desencadeou-se uma retaliação da polícia, a partir do dia 4 de agosto de 2020.

Dessas operações, resultaram na morte de dois indígenas mundurukus e de quatro ribeirinhos, além do desaparecimento de três outras vítimas.

As entidades dizem que a violência só cessou após intervenção da Justiça federal e do Conselho Nacional de Direitos Humanos.

Com a saída da Polícia Federal da área, contudo, as intimidações e os maus tratos voltaram, e as vítimas exigem respostas urgentes do Estado.

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Clima de insegurança

Os relatos é que há um clima de insegurança e de medo na região.

Moradores de áreas mais isoladas estão deixando seus lares; indígenas e ribeirinhos temem sair de suas casas para realizar atividades do dia a dia.

“O aumento de atividades ilícitas também tem aumentado significativamente, como invasões dos territórios e saque de recursos naturais por parte de garimpeiros, traficantes, madeireiros, caçadores e pescadores. Novos conflitos podem acontecer a qualquer momento. É urgente a fiscalização do Estado e da União e o monitoramento das comunidades locais”, disse o deputado José Ricardo (PT-AM).

Dentre as reivindicações, o coletivo de 37 entidades cobra:

  • diligências para conclusão das investigações e responsabilização criminal dos autores;
  • que a Defensoria Pública da União e do Estado façam as defesas dos ribeirinhos acusados e promovam a reparação civil para as famílias das vítimas.
  • cobram que o Governo Federal cumpra a determinação da Justiça Federal e envie a Polícia e Força Nacional para que permaneça na região,
  • a fastamento da cúpula da Segurança Pública do Amazonas diretamente envolvida nas violações de direitos
  • apuração e responsabilização do governador do Estado, pela “desastrosa” operação policial.
  • conclusão dos processos legais de reconhecimento dos territórios indígenas e tradicionais do rio Abacaxis.

Coletivo de entidades

Faz parte desse coletivo organizado da sociedade civil entidades, como: Arquidiocese de Manaus; Articulação no Semiárido Brasileiro; Articulação pela Convivência com a Amazônia; Associação dos Docentes da UFAM; Cáritas Arquidiocesana de Manaus; Casa da Cultura do Urubuí; Coletivo Floresta Manaós; Comissão Pastoral da Terra; Comitê REPAM; Conferência dos Religiosos do Brasil; Conselho dos Leigos (as) Arquidiocesano; Conselho Nacional das Populações Extrativistas; Fórum da Amazônia Oriental; Fórum das Águas; Fórum de Educação Escolar e Saúde Indígena do Amazonas; mandato do deputado José Ricardo.

Foto: Divulgação