Em depoimento à CPI da covid no Senado, nesta terça-feira (18), o ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo admitiu que não pediu e nem agradeceu o oxigênio da Venezuela que ajudou a salvar vidas de pacientes com covid (coronavírus) em Manaus.
Duas perguntas feitas pelo vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), ao ex-chanceler esclareceram a situação.
“O senhor ligou para alguém da Venezuela? O senhor agradeceu o gesto do governo venezuelano ?”. Para os dois questionamentos, a resposta foi enfática: “Não”.
“Não permitiram que um avião fosse lá. Teve que vir de estrada. Enquanto estava morrendo gente sem oxigênio em Manaus, o oxigênio vindo da Venezuelana estava vindo de estrada”, protestou o presidente da CPI, Omar Aziz, diante das negativas do ex-ministro.
Omar criticou a falta de ação do ex-chanceler. “Um voo da FAB (Força Aérea Brasileira), se o Ministério das Relações Exteriores tivesse interferido, em uma hora ia e voltava!”, lamentou.
Omar ainda destacou que havia um desespero grande em Manaus enquanto não se conseguia um voo.
“Poderiam ter sido evitadas essas mortes se vossa excelência tivesse agido. Nós fizemos um esforço danado! E aí, ressalve-se, o ex-ministro da Defesa general Fernando foi um gigante para ajudar o povo do Amazonas”, disse.
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Questões ideológicas
O presidente da CPI diz que o ex-ministro agiu movido por questões ideológicas, uma vez que o Governo Bolsonaro considerada o governo vizinho uma ditadura.
“Então, o Ministério das Relações Exteriores não fez contato com o governo venezuelano por questões ideológicas! E, até hoje, eu estou esperando essa guerra, em que o Brasil não aguenta duas horas!”, ironizou Omar;
O ex-ministro foi questionado novamente pelo vice se houve questão ideológica na atitude. “Senhor Ernesto, o senhor confirma (a fala de Omar)?”. “Não, não confirmo”, respondeu.
“O Itamaraty realizou algum esforço com os demais países vizinhos para socorrer os amazonenses que estavam com falta de oxigênio?”, voltou a indagar o vice tendo como resposta o “não”.
Para o vice, Araújo deu informações importantes sobre as responsabilidades do governo brasileiro em relação à tragédia de Manaus.
Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado