Iram Alfaia , de Brasília
São poucas as vozes no Congresso Nacional a protestar contra a extinção do Fundo Amazônia, que investiu R$ 66,4 milhões em projetos no Amazonas, inclusive para o pagamento do Bolsa-Floresta. O governo do presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), quer mudar a gestão do fundo, mas encontra resistência da Noruega e Alemanha, os principais doadores de recursos, que ameaçam deixar o projeto.
Curiosamente, não são os parlamentares da região amazônica que compraram a briga pela permanência desse financiamento no país. São recursos da ordem de R$ 3 bilhões a serem aplicados no país em projetos de desenvolvimento sustentável.
Nesta semana, o senador gaúcho Paulo Paim (PT-RS) disse que o Fundo Amazônia é uma das saídas brasileiras para impulsionar o desenvolvimento da região. Para ele, isso é possível ser feito sem desmatamento e agrotóxico, “com geração de emprego e renda e com respeito aos povos da floresta”.
“A responsabilidade não é só do Brasil; é do mundo. Uma das saídas é impulsionar o Fundo Amazônia”, publicou no Twitter.
Na sua opinião, a defesa do meio ambiente e dos direitos humanos não são questões ideológicas e partidárias.
“Tratar esses temas dessa forma é uma asneira sem tamanho e uma total falta de conhecimento. Estamos falando da sobrevivência do planeta”, afirmou o senador.
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Desmatamento assusta
Ele disse também que o governo Bolsonaro está desmontando a atual política ambiental.
“O desmatamento da Amazônia é assustador: em maio foram derrubados 739 km² de floresta, o que equivale a dois campos de futebol por minuto. No mesmo período do ano passado, a devastação foi de 550 km². Aumento de 34%”, disse.
O deputado federal Ivan Valente (Psol-SP) foi outro que protestou contra a atitude do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que insiste na mudança da gestão, sobretudo para diminuir a influência das organizações não governamentais (ongs) no projeto.
“Alemanha decidiu reter doação de R$ 151 milhões ao Fundo Amazônia até que Salles explique o que pretende fazer. A extinção do fundo será um desastre. Enquanto isso, o general Heleno prefere brigar com os números a coibir o desmatamento que aumentou 60% sob o governo Bolsonaro”, disse
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Ongs no Amazonas
Segundo levantamento feito pelo BNC Amazonas , as ongs são as principais responsáveis pelo desenvolvimento de projetos no Amazonas com recursos do fundo.
Elas já realizaram trabalhos no Cadastramento Ambiental Rural (CAR), reflorestamento de áreas em diversos municípios e gerenciamento dos recursos do programa Bolsa-Floresta.
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Fotos: Agência Senado