Da Redação
O advogado Francisco Charles Cunha Garcia Júnior, que teve o registro e candidatura na disputa pela vaga de desembargador cassado pela Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Amazonas, declarou que vai recorrer da decisão que considerou uma perseguição em função de seu crescimento junto ao “eleitorado”.
Garcia foi cassado na noite desta segunda-feira por 4 votos a 1 por abuso do poder econômico. Ele foi acusado de se beneficiar junto ao eleitorado da formação da lista sêxtupla, em que advogados inscritos na ordem são eleitores, de uma feijoada em que o cantador de sambas Neguinho da Beija-Flor se apresentou.
“A pretensão deles é barrar nosso crescimento. Aliás, uma campanha tão bonita que a cada dia ganha novos eleitores, novos adeptos e novos apoiadores”, disse.
Garcia disse que irá recorrer às últimas instâncias para manter sua candidatura à vaga de desembargador e que os eleitores não desistam de votar nele.
“A Comissão que deferiu nossa candidatura, tentou nos barrar. Eu falo tentou porque cabe recurso, vocês sabem, somos eleitores qualificados (…) Vamos recorrer até a última instância, até onde for necessário”, disse.
Ele diz no vídeo gravado para ser distribuído entre eleitores que o motivo da cassação do registro dele pela Comissão Eleitoral da OAB-AM não é por abuso do poder econômico e que há “outros motivos”, embora não os revele no vídeo.
“Eles alegam que houve abuso do poder econômico. Você eleitor sabe que não é por isso. Sabemos que a realidade é outra e que a nossa campanha cresce porque temos propostas. Por isso, peço a você: não arrede o pé, vamos crescer. Vamos usar essa contenda para crescer mais e fortes seguimos rumo à vitória”, disse.
A decisão da Comissão Eleitoral agitou o meio jurídico neste final de noite. O voto que conduziu os membros a cassação de Charles foi do advogado e presidente da comissão eleitoral, Daniel Nogueira.
Nos bastidores, o comentário é que de fato a decisão da comissão barrou um “fortíssimo” candidato a ser o mais votado na lista sêxtupla. No entanto, a condução da campanha dele promovendo de churrasco com show musical a chá de dia das mães para advogadas estava incomodando outros advogados que concorrem neste pleito.
Parte dos advogados elogiam a decisão da Comissão, mas ressaltam que há outros candidatos cometendo abusos em suas campanhas e que até agora nada foi feito.
Agressões
Após a sessão que cassou o registro de Charles Garcia, houve tumulto na OAB. Partidários do advogado cassado tentaram invadir a sala onde estava o autor das denúncia e também candidato a desembargador Christian Naranjo e ofenderam com gritos um dos conselheiros da OAB-AM, Diego D’ávila, um dos que votou pela cassação do registro.
Christian Naranjo, que sustentou oralmente na sessão desta segunda-feira sua denúncia disse que a decisão da OAB-AM moraliza a disputa.
“Eu tenho outras impugnações contra outros candidatos. Caiu sobre mim uma imagem, uma insinuação que estou a mando de alguém fazendo impugnações. Ora, são 34 candidatos, só eu li (as regras) e entendo que há algo errado?”, disse.
A decisão que tirou Charlos Garcia da disputa ocorreu numa representação por conduta vedada, ou seja, quando um candidato comete atos proibidos pelas regras da disputa. Cristian disse que impugnou o registro de outros seis candidatos que considera precários para a disputa da vaga de desembargador e que aguarda a análise da comissão.
A eleição para lista sêxtupla da OAB ocorre neste sábado, dia 26. Os seis mais votados são indicados para a próxima fase da disputa no TJ-AM. No tribunal, os 24 desembargadores votam e formam uma lista tríplice como os mais votados. A decisão final, de posse dos três nomes, cabe ao governador do Estado, Amazonino Mendes.
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Foto: Divulgação/Charles Garcia
Comissão da OAB-AM cassa registro de candidato a desembargador
Disputas por cargos que agitam judiciário estão nas mãos de Amazonino