O governo de Jair Bolsonaro ainda não jogou a tolha sobre as articulações para ter um governista na direção da CPI da covid no Senado. A manobra agora, portanto, é emplacar Eduardo Girão (Podemos-CE) no lugar de Omar Aziz (PSD) na presidência do colegiado.
A CPI vai investigar a omissão do governo de Jair Bolsonaro no combate à pandemia de covid-19 (coronavírus) no país e o uso dos recursos federais.
Em especial, será apurado a responsabilidade das autoridades pela falta de oxigênio na rede hospitalar de Manaus.
Na eleição que acontecerá na quinta-feira (22) ou na próxima semana, entretanto, o consenso entre os 11 titulares do colegiado é pelo nome de Omar na presidência. Na sequência, Randolfe Rodrigues (Rede-AP) na vice, e Renan Calheiros (MD-AL) na relatoria.
O governista Eduardo Girão, por outro lado, que defende o foco das investigações nos governadores e prefeitos, já anunciou que pretende disputar a presidência.
De acordo com o jornal Correio Braziliense, o chefe da Casa Civil, general Luiz Ramos, fez a última tentativa de evitar que o senador Renan Calheiros fosse o relator da CPI. Entretanto, mas não teve sucesso.
“Diante disso, o objetivo do governo passou a ser derrotar Aziz, visto como uma ameaça ao governo, principalmente porque a crise da saúde em Manaus é o principal objeto de investigação da CPI”, diz reportagem do jornal brasiliense.
Omar é considerado um parlamentar independente e crítico da conduta do governo na pandemia.
Ele, por exemplo, combateu a estratégia governistas de adiar o funcionamento do colegiado.
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Minoria
Com apenas quatro senadores no colegiado, os governistas encontrarão dificuldades para evitar Omar na presidência, pois são minoria.
Além de Girão, apoiam o governo na CPI os senadores Ciro Nogueira (PI), presidente nacional do PP e Marcos Rogério (RO), líder do DEM na casa. Além deles, tem ainda Jorginho Mello (PL-SC).
Os oposicionistas são Humberto Costa (PT-PE) e Randolfe Rodrigues, que é líder da oposição na casa.
Além de Omar e Renan Calheiros, o bloco dos independentes é formado por Eduardo Braga, líder do MDB; Otto Alencar (PSD-BA) e Tasso Jereissati (PSDB-CE).
Renan e Randolfe
Desde as indicações dos nomes, os governistas trabalharam para evitar que Randolfe e Renan ocupassem os cargos na direção. Eles, contudo, são considerados ferrenhos opositores ao governo Bolsonaro.
Para evitar a dobradinha, todavia, o governo trabalhou em prol de outros nomes. Chegou-se a cogitar, por exemplo, a chapa amazonense de Omar na presidência e Eduardo Braga (MDB) na relatoria.
Sem a presidência, a oposição, ainda assim, conseguiu manter os dois nomes na direção dos trabalhos.
Renan Calheiros, então, estará no cargo considerado mais estratégico, pois vai indicar o rumo das investigações.
O senador alagoano, que é considerado do grupo independente, tem uma postura de opositor ao governo.
Ele vem dizendo que o Senado tem de apurar, sobretudo, as responsabilidades e apontar saídas para a crise humanitária que o Brasil está vivendo. “Não podemos ser cúmplices desse morticínio”, defendeu.
Foto: Roque de Sá/Agência Senado