Aguinaldo Rodrigues , da Redação
Para o deputado estadual Serafim Corrêa (PSB), com formação econômica e estudioso dos temas pertinentes à Zona Franca de Manaus (ZFM), a decisão do presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), de tirar o ministro da Economia, Paulo Guedes, do comando das reuniões do CAS (Conselho de Administração da Superintendência da Zona Franca de Manaus, a Suframa) afasta os investidores do polo industrial do Amazonas e diminui a importância da autarquia.
“O objetivo disso é Guedes ficar livre disso aqui. Ele não vir aqui significa que não será pressionado por ninguém e, muito menos pela imprensa. Lamento, porque cada vez mais estão diminuindo o tamanho e a importância da Suframa”.
Guedes é considerado hoje “persona non grata” no Amazonas por conta de suas declarações contrárias à ZFM.
“A ausência de Paulo Guedes tem consequências. Exemplo disso é quando um empresário estrangeiro ver as declarações de Guedes na imprensa nacional contra o modelo Zona Franca de Manaus [ZFM] e vê que ele nem vem mais às reuniões. O empresário vai pensar duas vezes se vem para cá ou se vai para o Paraguai, Uruguai ou Argentina”, avaliou Serafim.
A opinião foi expressada nesta terça-feira, dia 24, a respeito do decreto presidencial do último dia 20 em que Bolsonaro põe o secretário Especial de Produtividade, Emprego e Competitividade (Sepec), Carlos da Costa, para dirigir a reunião já a partir da próxima, marcada para este dia 26.
Segundo Serafim, “o capitalismo só tem uma palavra: credibilidade, que vem com a segurança jurídica e aqui isso não tá acontecendo”.
O deputado comunga da opinião que se espalha no meio político de que o ministro trabalha para o país se livrar da ZFM.
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Sem orçamento, sem apoio político
Serafim aponta outra prova do desprestígio e da perda de peso da Suframa, embora o superintendente do órgão venha afirmando que isso é fake news da imprensa: a diminuição do orçamento da autarquia para 2020 .
“Se você voltar na máquina do tempo, 20, 30, 40 anos, a autarquia tinha orçamento para fazer convênios com Roraima, Amapá, Acre e Rondônia. Isso foi diminuindo e agora acabou”, afirmou Serafim.
O líder do PSB na Assembleia Legislativa (ALE-AM) mostrou outra prova do enfraquecimento da gestão do coronel da reserva Alfredo Menezes Júnior e da Suframa.
É a perda do apoio da bancada parlamentar da Amazônia no Congresso Nacional.
“A bancada [amazonense] perdeu o apoio da bancada da Amazônia porque deixou de realizar convênios. Ela foi perdendo ano a ano a sua capacidade de ter recursos para aprovar projetos de infraestrutura, das capitais, municípios do interior, ela foi abrindo mão disso”, afirmou Serafim.
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Peso parlamentar
O parlamentar vê que hoje a Suframa e o Amazonas não têm mais o apoio da bancada da Amazônia, principalmente da Amazônia ocidental.
“E nós já chegamos a contar, por exemplo, com o apoio da bancada do Amapá, na época do senador José Sarney, e em Roraima, com o senador Romero Jucá. Ou seja, com senadores influentes na República. Infelizmente, perdemos isso, jogamos isso fora”, disse.
Serafim destacou a importância e a competência da bancada do Amazonas, mas ressalta que os oito deputados e três senadores é um time pequeno para encarar os embates em Brasília dos que querem ver a ZFM pelas costas.
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O fator superintendente
Menezes Júnior, embora filiado ao partido do compadre-presidente Bolsonaro, refuta que a Suframa lhe tenha sido dada como favor ou indicação política.
Sua gestão se afastou das lideranças políticas do estado que julga da “velha política”, as mesmas que sempre encamparam as batalhas pela manutenção do modelo de incentivos fiscais da ZFM.
Entre elas, os ex-governadores Amazonino Mendes (sem partido), Omar Aziz (PSD) e Eduardo Braga (MDB), estes dois últimos ainda hoje levantando essa bandeira no Senado.
O gestor da principal autarquia federal no Amazonas, umbilicalmente ligada ao meio legislativo por conta da constante necessidade de fazer valer seus direitos constitucionais, também não tem sabido articular o apoio e o peso político em Brasília de outras figuras importantes.
Como exemplo, o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto (PSDB), os deputados federais Átila Lins (Progressistas), Marcelo Ramos (PL), Silas Câmara (PRB) e José Ricardo, este integrante da maior bancada na Câmara dos Deputados, a do PT.
Menezes Júnior não se aproveita nem mesmo do apoio, conhecimento e trânsito fácil no Congresso do ex-deputado Pauderney Avelino (DEM).
Ele prefere apostar suas fichas na amizade que propaga, sempre que pode, com Bolsonaro e Guedes.
Talvez por isso esteve ausente de todas as discussões políticas sobre o futuro do único modelo de desenvolvimento que o governo federal tem para a região Norte.
Nenhuma manifestação ou comentário sobre os ataques dos chefes ao modelo para o qual foi nomeado.
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Desempenho da indústria e do coronel
Por tudo isso, não faz jus a colher os louros dos resultados positivos da indústria da ZFM no primeiro semestre do ano.
Ironicamente, a primeira reunião do CAS, importante encontro para que investidores anunciem ampliação de seus negócios ou de novos investimentos no polo industrial, só veio a ocorrer depois desse período, em julho.
Julho, mês que pela primeira vez Bolsonaro pisou no Amazonas como presidente, acompanhado de Guedes e Costa, fechou com a ZFM apresentando o pior desempenho industrial do país .
Com informações da assessoria de comunicação de Serafim Corrêa
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Foto: Divulgação/Suframa